quarta-feira, 5 de agosto de 2015

GMDSS

A evolução da comunicação marítima

O que é GMDSS?

É a sigla, que significa Global Maritime and Safety System, no qual traduzida para o português trata-se do “Sistema Marítimo Global de Socorro e Segurança”.
Foi verificada a necessidade e a oportunidade de se aproveitarem das novas tecnologias que o mercado mundial possuía, e criar um sistema que se adequasse aos novos tempos em que já evidenciavam os satélites artificiais de comunicação.
É o sistema de radiocomunicações desenvolvido desde a invenção do rádio e da telegrafia, que trouxe o maior alcance em assistência à emergência marítima.

INTRODUÇÃO

Em 8 de novembro de 1988, numa Conferência das Partes Contratantes da Convenção SOLAS/74, sobre radiocomunicações, foram aprovadas emendas à SOLAS/74, adotando-se o Sistema Global de Socorro e Segurança MarítimaGMDSS, que entrou em vigor a partir de 1º de fevereiro de 1992, tendo sido implementada em 1º de fevereiro de 1999.
Com a implantação do sistema GMDSS a meu entender deu-se o fim da categoria do Radiotelegrafista.
Criou-se uma nova tecnologia, o que na verdade segundo os especialistas, veio a dar agilidade ao sistema de comunicações, mas acredito que objetivo principal é voltado para a responsabilidade pela comunicação via rádio de atender no menor tempo possível às solicitações de socorro.
Desde 1 de Fevereiro de 1999, GMDSS foi obrigatória para todos os navios que operam em alto-mar, navios de passageiros (que transportem mais de 12 passageiros) e navios de carga de 300 (navios SOLAS) toneladas de arqueação bruta ou mais em viagens internacionais.
A tecnologia e o desenvolvimento dos sistemas de satélite foram implantados por diversos objetivos, e acredito que a implantação do Sistema GMDSS foi um marco para as comunicações marítimas.
Não podemos deixar de enfatizar que o projeto do GMDSS com a sua tecnologia autônoma reduz o tempo de resposta a uma chamada de socorro, logo a redução de pessoal não somente ocorreu a bordo, mas também em terra nos Centros de Coordenação de Salvamento.
Por outro lado temos que também enfatizar que uma das principais medidas a bordo é evitar a transmissão não intencional de falsos alertas de socorro, e nesse caso os Aquaviários que operam o sistema de comunicação a bordo devem possuir formação e certificação, de acordo com os padrões do STCW, para que possam operar com segurança o sistema.
Frente a todo o crescimento das redes de satélites e implantado o sistema GMDSS, novas tecnologia foram surgindo em relação às comunicações de segurança e socorro, como por exemplos o DSC – Sistema de Chamada Digital, para emitir os avisos Rádio SAR, bem como o NAVTEX que auxilia com avisos-rádio náuticos e boletins meteorológicos (mensagens MSI).
Outros subsistemas do GMDSS surgiram como veremos adiante.

PRINCÍPIO BÁSICO DO GMDSS

É um sistema de comunicações terrestres e por satélite criado para permitir uma resposta rápida a situações de perigo no mar a partir dos recursos em terra.
Todo navio, independente da área que navegue, poderá efetuar comunicações essenciais à sua própria segurança e a de outros navios, pois o sistema é constituído de moderna tecnologia que permite transmitir e receber um sinal de socorro a grandes distâncias isento de influências e efeitos atmosféricos como era no passado, quando se operava com equipamentos transmissores e receptores rádio, no qual diretamente incidia, interrompendo ou evitando uma transmissão via rádio.

OBJETIVO DO GMDSS

É um sistema global implantado para fornecer uma busca eficaz e resgate utilizando a tecnologia por satélite e comunicações terrestres.
Apesar de ser um sistema não muito recente, pois foi introduzido pela IMO em 1979, entrou em operação em fevereiro 1992 e tornou-se obrigatório desde fevereiro 1999, o que vislumbro que trouxe melhorias nos serviços de busca e salvamento, como a estatística tem demonstrado.

FUNÇÕES DO GMDSS

São muitas as facilidades operativas do GMDSS, vejamos abaixo:
1) ALERTA - Transmite alerta de socorro utilizando pelo menos duas vias de canais independentes do navio-terra;
2) COMUNICAÇÕES COM RCC - Recepção de alertas de socorro terra-navio através do RCC – Centro de Controle de Coordenação das Operações de Salvamento;
3) COMUNICAÇÕES TERRA-NAVIO - Transmissão e recepção de alertas de socorro terra-navio;
4) COMUNICAÇÕES COM SAR - Transmissão e recepção de comunicações necessárias à coordenação das operações SAR de busca e salvamento (navio-terra-navio);
5) COMUNICAÇÕES NA CENA - Transmissão e recepção de radiocomunicações na cena de ação (navio-navio) com o OSC Comando no teatro de operações;
6) LOCALIZANDO NAVIOS - Transmissão e recepção de sinais destinados à localização de navios em perigo em e caso naufrágio, de suas embarcações de salvamento (navio-navio);
7) OPERAÇÃO DA MSI - Transmissão e recepção de informações de segurança marítima (MSI) (terra-navio);
 8) COMUNICAÇÕES DE RÁDIO EM GERAL - Transmissão e recepção de radiocomunicações de caráter geral (navio-terra-navio); e.
9) COMUNICAÇÃO ENTRE NAVIOS - Transmissão e recepção de comunicações passadiço-passadiço.

CAPACITAÇÃO E CERTIFICAÇÃO

Todo OPERADOR de GMDSS tem que estar credenciado e capacitado para operar o Sistema GMDSS. Para isto temos que observar as seguintes regulamentações:
Resolução A.703(17), anexo 3, adotada em 6/11/1991Item 10 da Agenda que trata do tema Treinamento de Radio Operadores do Sistema GMDSS, informa que antes de iniciar o treinamento os requisitos de aptidão física, audição e visual devem estar dentro das recomendações necessárias para que o operador exerça sua atividade.
O treinamento deve estar relacionado às disposições da STCW - Convenção Internacional sobre Normas de Formação, Certificação e Serviços de Quartos para os Marítimos, as disposições do Regulamento das Radiocomunicações anexo à Convenção Internacional de Telecomunicações (Regulamento de Radiocomunicações) e as disposições da Convenção de Internacional para a Segurança da vida Humana no Mar (SOLAS).

Convenção STCW de 1995 – Resolução 7 - Os operadores de rádio. Quatro recomendações constam do anexo a presente resolução, são elas:
(i)            Requisitos mínimos para a certificação de oficiais de rádio;
(ii)          Os requisitos mínimos para garantir a proficiência e atualização de conhecimentos dos operadores de rádio;
(iii)         Orientações básicas e orientações operacionais relativas ao serviço de escuta de rádio segurança e manutenção para os operadores de rádio; e.
(iv)         O treinamento para operadores de rádio.

Seção IV/2 – Questões de Formação – o profissional que vai operar com o GMDSS precisa possuir (obrigado) um certificado de acordo com os 2 tipos abaixo:
1 - Operador Geral (GOC), para o pessoal designado para atividades de radiocomunicações em navios de alto mar, que operam além do VHF, efetuando transmissões para uma estação de cobertura da costa.
2 - Operador Restrito (ROC), para o pessoal a bordo de navios que operam apenas em zonas marítimas situadas dentro da cobertura do VHF (zonas costeiras).
As exigências no início tiveram interpretações diferenciadas, onde algumas partes passaram exigir de todos oficiais a bordo de navios que possuísse um certificado GMDSS, enquanto outros requeriam que apenas uma ou duas pessoas a bordo deveria ter essa qualificação.
A partir de 1 de fevereiro de 2002 todos os marítimos com funções de serviço de quarto que são responsáveis pela navegação em níveis operacionais e de gestão (Comandante e oficial), e mesmo qualquer outra pessoa designada para função de radiocomunicações funções, precisa possuir um certificado GMDSS.

Convenção SOLAS capítulo IV Radiocomunicações - Regra 16 - Pessoal de Rádio discrimina que todo navio deverá ter pessoal qualificado para realização das radiocomunicações de socorro e salvamento, sendo que devem ser portadores dos certificados especificados no Regulamento Rádio, bem como ser designado qualquer um deles para ter a responsabilidade principal pelas radiocomunicações durante incidentes que envolvam socorro.  Para os navios de passageiro, deverá ter no mínimo uma pessoa qualificada para desempenhar somente as obrigações de radiocomunicações durante os incidentes de socorro ou perigo.

UIT – Das Disposições gerais – Artigo 30 – Disposições gerais – Seção I – Introdução: §1º trata das disposições para utilização operacional do GMDSS focando o SOLAS 1974 e menciona as frequência de radiotelefonia 156.8 (MHz) VHF Canal 16; no §2º – trata de dispositivos relativos ao Serviço Marítimo onde discrimina que de um modo geral o navio pode estabelecer comunicação com a estação de terra, de acordo com a sua área de serviço, onde houve uma frequências apropriada. No título II – Dispositivos marítimos §4º falam da obrigatoriedade no serviço móvel marítimo por satélite utilizar as frequências técnicas prescritas para as funções estabelecidas.
Desta forma entende-se que a UIT consagrou o sistema GMDSS.

Observação: Todos os possuidores dos certificados devem revalida-los a cada 5 anos conforme o STCW.
Este certificado faz parte do grupo de certificados básicos e obrigatórios para os Aquaviários que são:
• Técnicas de sobrevivência pessoal (STCW Código A-VI / 1-1)
• Prevenção e combate a incêndios (Código STCW A-VI / 1-2)
• Primeiros socorros elementares (STCW Código A-VI / 1-3)
• Segurança pessoal e responsabilidades sociais (STCW Código A-VI / 1-4)

OPERADOR DE GMDSS

O Operador do Sistema GMDSS é responsável pela manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos de rádio GMDSS, bem como responsável pela comunicação de rádio durante incidentes de socorro, inclusive para que os equipamentos como VHF com a chamada seletiva (DSC), esteja devidamente programado para o caso de qualquer incidente ou acidente.
Dentre as suas responsabilidades é importante comentar também que ele deve garantir que as Informações de Segurança Marítima (MSI), sejam recebidas devidamente pelo receptor NAVTEX.
No caso do navio navegar em áreas fora da cobertura NAVTEX e está dentro da cobertura de um satélite Inmarsat, um terminal Inmarsat-C ou HF Radio ele deve verificar e assegurar que o equipamento esteja pronto para ser usado para receber transmissões Safety NET, inclusive verificar se o equipamento está preparado para poder fornecer um serviço automatizado em áreas onde não há cobertura do sistema NAVTEX, mas que por este caminho as mensagens MSI possam ser recebidas peal High Frequency (HF) com Impressão Direta Faixa Estreita (NBDP).

COMO FUNCIONA O SISTEMA GMDSS

O sistema baseia-se em que os equipamentos de comunicações a serem adotados pelos navios sejam em função da área onde pretendem operar e não da sua tonelagem como no sistema antigo.
Desta forma o Sistema divide os oceanos em quatro Áreas Marítimas, vejamos:
1 - Área Marítima A1 (40 milhas náuticas) – área dentro da cobertura radiotelefônica de pelo menos uma estação costeira VHF, na qual esteja disponível um serviço de alerta DSC (Digital Selective Calling – Chamada Seletiva Digital) de modo permanente;
2 - Área Marítima A2 (150 milhas náuticas) – a área, excluindo-se a Área A1, dentro da cobertura radiotelefônica de pelo menos uma estação costeira MF, na qual esteja disponível um serviço de alerta DSC de modo permanente.
3 - Área Marítima A3 – a área, excluindo-se as Áreas A1 e A2, dentro da cobertura de um satélite geoestacionário Inmarsat, na qual esteja disponível um serviço de alerta de modo permanente. Aproximadamente, entre 70º N e 70º S.
4 - Área Marítima A4 (região polar) – a área situada além das Áreas A1, A2 e A3.
Podemos informar que todo navio, independente da área em que navegue, poderá efetuar as comunicações essenciais à sua própria segurança e à de outros navios.
No caso de uma operação SAR a mesma será coordenada por um Centro de Coordenação de Salvamento (Rescue Coordination Center) e as buscas serão conduzidas de acordo com os procedimentos estabelecidos nos manuais de Busca e Salvamento para navios mercantes (MERSAR) e Manual de Busca e Salvamento da IMO (IMOSAR).

SUBSSITEMAS DO GMDSS

Os subsistemas do GMDSS são:

1º) DSC (Digital Selecty e Calling) – CHAMADA SELETIVA DIGITAL: é um extraordinário recurso que o tripulante possui, que está baseado em tecnologia digital, que permite transmissão e recepção de mensagens de alerta de socorro e segurança, bem como mensagens de rotina terra-navio, navio-terra e navio-navio.
A vantagem desse subsistema é que evita a voz e com isso evita que os canais fiquem congestionados, tendo em vista que o equipamento é programado para transmitir com rapidez e receber pelo display visual ou por uma impressora.
O DSC também está programado para chamadas para grupos em uma determinada área.
As estações deverão escolher uma das cinco para retransmitir o alerta. Todas as frequências em HF para socorro devem ser monitoradas. Na faixa de MF/HF o equipamento realiza a varredura automática de frequência. Como se verifica acima o DSC opera nas frequências MF, HF e VHF como a seguir:
VHF DSC CH 70: 156.525 MHz
VHF DSC CH 16 R/T: 156.800 MHZ
HF R/T, Telex, DSC: 4,6,8,12,16 MHz

2º) INMARSAT C – A comunicação via satélite é oferecida pelo sistema Inmarsat que é líder em comunicações globais (com exceção dos polos) móveis via satélite atende serviços e cobertura para as comunicações operacionais de navegação e serviços de segurança, e permitindo contato constante dos navios e vice versa com a sede de seus armadores, clientes, familiares de tripulantes, autoridades e portos, etc.
Atendimento rápido via Internet, inclusive o sistema permite de terra monitorar remotamente equipamentos, com banda larga com dados de voz simultânea, dando acesso a informações meteorológicas em tempo real e atualizações do sistema ECDIS de cartas eletrônicas.
Atende o sistema de telefone a distância com mensagens de texto SMS, e-mail e internet, inclusive envio de informações, textos e fotografias, é fácil de ser operado, tendo acesso com a Internet a qualquer momento, de qualquer local.
Quanto a comunicações de segurança o Inmarsat forma o núcleo do sistema GMDSS, ajudando a salvar vidas no mar independente das condições de tempo e de onde eles estão localizados. desempenhando um papel crucial na segurança marítima.
Com um simples toque de um botão, os navios com o sistema GMDSS são capazes de enviar um alerta de chamada de emergência para as estações terrenas costeiras e para os navios nas imediações utilizando o Inmarsat C ou Fleet 77. Um toque de um botão vermelho de alarme de discagem localizado no painel ou discando '505' coloca você em contato direto com as autoridades de resgate interrompendo todas as chamadas não emergenciais.
Atende as emergências médicas a bordo, permitindo a embarcação entrar em contato com médicos especialistas em terra via telefone, e-mail e fax para ajudar a diagnosticar o problema e decidir sobre o melhor tratamento para o paciente até chegar a porto de recurso. Possui também soluções de telemedicina em terra podendo fornecer diagnósticos remotamente dos pacientes a bordo, exibindo imagens de vídeo ao vivo e acesso aos seus registros médicos online.
A Inmarsat possui e opera satélites em órbita geoestacionária há 35.786 km acima da Terra, controlados a partir da sede da Inmarsat em Londres através de estações terra localizadas em todo o mundo.  Sua rede é formada pelos satélites Inmarsat-5 e da Global Xpress - formando a rede denominada “Xpress” pelos satélites I-5 F1,F2,F3 e o Alphasat I-4 , além dos da série Inmarsart-3 que são em um total de cinco satélites. Cada I-3 opera com sistema de transponder de navegação projetado para melhorar a precisão, disponibilidade e integridade do sistema de navegação por satélite GPS e GLONASS.

3º) COSPAS-SARSAT - O Programa Internacional Cospas-Sarsat é um sistema de busca e salvamento por satélite (SAR), uma ferramenta que os navios e aeronaves podem utilizar para a localização de navios que passam por situações de emergências (perigo). O sistema é composto por um consórcio de representantes dos seguintes países: Canadá, França, Rússia e EUA. O sistema fornece dados alerta de socorro precisos, oportunas e confiáveis e de localização para ajudar a procurar e salvar pessoas.
O sistema Cospas-Sarsat inclui dois tipos de satélites: Satélites em baixa altitude Earth Orbit (LEO) que formam o Sistema LEOSAR, e Satélites em órbita geoestacionária Terra (GEO), que formam o sistema GeoSAR. No futuro o sistema Cospas-Sarsat irá incluir um novo tipo de satélite na órbita de média altitude da Terra (MEO) que irá formar o sistema MEOSAR.
Para que haja o salvamento os navios devem estar providos com o “Cospas-Sarsat 406 MHz Beacon”, que trata de uma radiobalisa indicadora de posição em emergência, cuja sigla é EPIRB, que operam na faixa de socorro frequência de 406 MHz, entretanto operam também na frequência de 121.5 MHz para orientar uma aeronave SAR, denominado Transmissor Localizador de Emergência (ELT).  Conjuntamente com os satélites tem em cerca de 200 países instalações terrestres que monitoram a rede. Existe também o localizador pessoal conhecido como Personal Locator Beacon - PLB
Estas radio-balizas são submetidas a testes rigorosos pelo sistema Cospas-Sarsat para garantir a sua operação com segurança, sob condições extremas no mar. Para o seu funcionamento basta acionar um botão ou por ativação automática em contato com a água.
Como funciona o sistema: O sistema é composto de Radiobalisa Distress (ELT para uso na aviação, EPIRB para uso marítimo e PLBs para uso pessoal), que transmitem o sinal em situações de emergência, depois de transmitido o sinal por um destes equipamentos, os satélites que estão em órbitas geoestacionárias ao redor da terra e girando em baixa altitude detectam o sinal transmitido; e retransmitem para estações terrenas denominadas de LUTS que recebem e processam o sinal para então gerar os alertas de socorro. As LUTS transmitem o sinal de alerta para os Centros de Controle de Missão (CCMs) que encaminham para os Centros de Coordenação (CCRs), especializados no resgate, ou para Pontos de Contatos (SPOCs) ou outra CCMs.



 4º) Radiobalisa Indicadoras de Posição de Emergências - EPIRB - Transponder (SART).
São usadas em caso de perigo, frente a uma situação de emergência, para transmitir um sinal de alerta e socorro, e alertar e solicitar auxílio de uma unidade SAR – Unidades de Busca e Salvamento.
Essa transmissão é feita na frequência de socorro de 406 MHz, via satélites e direcionadas para estações terrestres, para um centro mais próximo para coordenar o salvamento.
Por elas terem um sistema de GPS embutido possuem uma precisão de mais ou menos 50 metros.

5º) MF NAVTEX – é um serviço de radiofusão e recepção automática destinada a divulgar as informações sobre Segurança Marítima, as conhecidas MSI – Informações de Segurança Marítima. Estas transmissões são realizadas através da telegrafia, ou seja, por radioteleimpressão em banda estreita (NBDP – Narrow Band Direct Printing), o que quer dizer impressão direta em banda estreita com cobertura mundial, sendo que são compostas por avisos-rádio náuticos, boletins meteorológicos e outras informações de segurança marítima, como abaixo.  Opera na frequência de 518 KHz.
O aparelho receptor deve ser programado para selecionar as estações cujas transmissões e tipos de mensagens interessam para a área que se navega. O sistema está provido com tipos diferenciados de mensagens, o que facilita e propicia à embarcação programar o que deverá receber, vejamos as mais utilizadas:
O texto é iniciado pelo código B1, B2, B3, B4 onde:
B1 – Letra de identificação da Estação
B2 – Letra identificadora do tipo de mensagem
B3 e B4 – Numeração das mensagens de 01 a 99 de cada assunto (B2)
A seguir vem o texto de cada tipo de mensagem, conforme abaixo:
A – Avisos à Navegação
B – Avisos de Tempestade
D – Informação SAR
E – Previsões meteorológicas
F – Serviços de Pilotagem
H – LORAN
J – SATNAV
K – Outras ajudas electrónicas
L – Avisos à Navegação
Z – Inexistência de serviço
Termina a mensagem com NNNN, que significa “fim da mensagem”.

Como exemplo as mensagens do Tipo D – são informações SAR (Busca e Salvamento), avisos de ataques de piratas, tsunamis e outros fenômenos naturais.
Os transmissores atingem receptores em média no alcance de até 400 milhas náuticas.

6º) EGC – (Enhance Gropup Calling) - Chamada de Grupo Melhorada (Concentrada) é uma parte do sistema GMDSS utilizado para a transmissão de informações de segurança marítima (MSI) em áreas onde o serviço NAVTEX não está disponível. Estas mensagens podem ser, por exemplo, avisos à navegação, avisos meteorológicos, previsões meteorológicas e de mensagens de busca e salvamento. O serviço EGC usa o sistema Inmarsat C para transmitir essas mensagens. O serviço é programado para a transmissão de mensagens a um grupo de navios ou aos navios em uma área especificada através dos satélites da Inmarsat.
Para a recepção de mensagens EGC será usado um terminal Inmarsat C, onde uma impressora ligada a este terminal vai imprimir as mensagens recebidas. Essas mensagens também serão armazenadas em um arquivo e pode ser exibido na tela do terminal. Há dois serviços básicos oferecidos pelo sistema EGC: Safety NET e Fleet Net.
Safety Net - Serviço do sistema de segurança NET é um serviço oferecido principalmente para a divulgação de segurança marítima como alertas de socorro, previsões meteorológicas e aviso à navegação costeira. Este serviço utiliza uma área geográfica pré-definida (limites) para direcionar mensagens aos navios.
Fleet NET – Serviço de Comunicação Comercial - é um serviço que permite que os provedores de informação terrestres possam enviar mensagens para grupos de assinantes pré-definido. Serviço de sistema é um serviço prestado para informações operacionais. Este serviço emprega um grupo fechado (único) de usuários e propiciando fornecer uma transmissão segura de mensagens a partir do transmissor de informação terrestre para os receptores de serviços desejados.
Ambos os serviços acima de rede – Safety e Fleet – são formados por técnicas de endereçamento flexíveis para permitir a recepção de mensagens a partir de uma variedade de provedores de serviços em função das necessidades específicas de cada usuário.

7º) MF / HF Radiotelephony (R / T): são concebidos para atender os navios que navegam nas áreas A2, A3 e A4, ou seja, operam em longas distâncias das estações de terra.
MF (média frequência) são as localizadas abaixo da HF.
MF DSC: 2187.5 KHz
MF R/T: 2182 KHz
HF (alta frequência) são as radiofrequências entre 2 e 30 MHz através da Ionosfera. Rádio HF nunca vai substituir a telefonia fixa e móvel como a primeira opção de comunicação para o público em geral, mas para as organizações envolvidas na emergência é uma ferramenta de comunicação insubstituível, pois atendem longas distâncias, principalmente regiões remotas do mundo desenvolvido e em países em desenvolvimento. Exigem transmissores e antenas modestas, não necessitando de uma grande infraestrutura (é constituído de um transmissor, correspondentes de rede e uma antena), sendo utilizado para comunicação de voz, podendo seus terminais ser conectados à Internet.
Operam na conhecida banda decameter (os comprimentos de onda variam de um a dez decameters) de dez a cem metros.

8ª) VHF Radiotelephony (30-300 MHz) – são conhecidas como ideais para comunicação de curta distância terrestre. Ao contrário de altas frequências (HF), a ionosfera não costuma refletir rádio VHF e as transmissões são restritas à área local, não interferindo com as transmissões de milhares de quilômetros de distância, bem como são menos afetada por ruído atmosférico e por interferência de equipamentos elétricos de baixa frequência. As chamadas são realizadas no canal 16 (156,8 MHz) e o tráfego operacional é realizado nos outros canais, conforme instruções dos Órgãos de Comunicação.

9ª) HF banda estreita impressão direta (NBDP - Narrow Band Direct Printing):
Equipamento que substituiu o antigo Telex foi projetado para ser usado para comunicações na sequência de um alerta de socorro DSC, e inclusive para a transmissão do MSI no Mar Área A4 (as regiões polares norte de 70 ° N e ao sul de 70 ° S).  Com o uso da Internet este sistema tem pouco uso comercial.
O equipamento NBDP faz a impressão de todas as mensagens das comunicações, principalmente daquelas que esteja envolvendo uma situação de perigo e alguma embarcação necessite de ajuda.
Impressão direta de banda estreita (NBDP) é um sistema que permite que mensagens enviadas através do rádio possam ser impressas. Existem algumas publicações onde ele é chamado de telex, por ser um sistema utilizado em comunicações entre escritórios em terra e navio, mas não deixa de ser um equipamento que é necessário ter conhecimento de como operar com o seu teclado.
Uma das desvantagens do uso de NBDP para comunicações é que é um teclado onde requer operadores especializados. Uma vantagem é que não há uma cópia impressa escrito de todas as comunicações, você discrimina o tipo de mensagem que será impressa, pois utiliza de teleimpressores, como uma máquina de escrever elétrica, ou modernamente utilizando um terminal de computador. A mensagem é formatada no programa de processamento de texto e, em seguida, transferida para a linha de transmissão e impressão.
  
OUTROS EQUIPAMENTOS QUE ESTÃO RELACIONADOS AO GMDSS

SART - é um transponder à prova d’água, com sistema de bateria que o torna autossuficiente para uso de emergência no mar.
Estes dispositivos podem ser tanto um radar-SART, ou um GPS AIS-SART (sistema de identificação automática SART).
Toda embarcação com menos de 500 toneladas de arqueação bruta deverá possuir uma unidade, se for superior a 500 tons deverá possuir  2 SARTs.

RADAR-SART é usado para localizar uma embarcação de sobrevivência ou a embarcação sinistrada com a criação de uma série de pontos na tela do radar do navio que vai promover o salvamento. A SART só terá recepção do sinal se for um Radar de Band X que opera na banda 9 (3 centímetros de comprimento de onda) radar.
Nos outros tipos de Radar que operam na banda S (10 cm) ou outro radar não receberá o sinal.
O radar-SART poderá receber o sinal dentro de uma faixa de aproximadamente 8 milhas náuticas (15 km). O sinal aparece na tela do radar em forma de pontos.

AIS – Sistema de Identificação Automática - apesar de não ser um subsistema do GMDSS, estão a cada dia mais perto de ser incorporada, aonde nova tecnologia vão surgindo e o sistema vem se aperfeiçoando.

AIS-SART, é um Transponder, ou seja, um equipamento de Busca e Salvamento operado por um sistema que trabalha em conjunto com Radar Marítimo de banda X.  Poderíamos pensar que algumas desvantagens poderiam ocorrer porque os radares de banda X que operam na faixa de 9 GHz o alcance é limitado e o desempenho pode ser afetado pela chuva e superfície terrestre, mas sendo uma versão do AIS com receptor GPS e operando na banda do VHF o AIS-SART tem a vantagem por proporcionar que não haja interferência de chuva ou de terrenos circunvizinhos.

TIPOS DE ESTAÇÕES DE GMDSS

1ª) Estações de Embarcações – Ships Station (SS)
2ª) Estações Costeiras – Maritime Coastal Station (MCS)
3ª) Estações Portuárias - Harbour Control Station (HCS) – ou (VTS – Vessel Traffic Service)
4ª) Estações Aeronáuticas - Air Craft Station (ACS)
5ª) Centro de Coordenação de Busca (RCC) – Rescue Coordination Center        [

MMSI E A MENSAGEM DE SOCORRO

MMSI é a sigla de “Maritime Mobile Service Identity”, que é o número emitido pela ANATEL – autoridade competente em nosso território para tratar de assuntos de comunicações no transporte marítimo. É um número único composto de 9 dígitos, que tem a função como um número de telefone, que deve ser programado pelo Fabricante do equipamento ou Operador de GMDSS, no VHF DSC ou no MF/HF/DSC para que no caso de transmissão de um alerta de socorro permita que seja transmitido automaticamente, desta forma informando a identidade da embarcação que esteja passando por um incidente ou acidente.

O ALERTA DE SOCORRO

Após o alerta inicial de socorro e reconhecimento pela estação de terra, comunicações posteriores são feitas por radiotelefonia ou impressão direta em faixa estreita (NBDP) como indicado na mensagem de socorro, sendo que as transmissões de voz não são permitidas nos canais DSC.
Esta transmissão pelo VHF-DSC canal 70, deve constar o MMSI, para que seja transmitido em caso de assistência imediata, bem como também outra informação importante é que a posição do navio esteja prontamente atualizada pelo sistema GPS que deve ser manualmente inserido e corrigido se for o caso pelo Operador de GMDSS.
As atualizações de posição e hora UTC devem estar sempre atualizadas no DSC, sendo que equipamento VHF existe um botão de cor encarnado (vermelho) que ao ser necessário em caso de perigo ser ativado pressionando este único botão com pressão sobre ele de aproximadamente 5 segundos.
Os equipamentos de VHF DSC por serem equipamentos que atendem a rede mundial de segurança estipularam as seguintes situações cuja natureza considera-se como de atendimento de socorro: Fogo / Explosão, Inundação (alagamento) de compartimento, Colisão (embarcação-objeto fixo ou duas embarcações ou objetos móveis), Encalhe, Adernamento, Afundamento, Abandono, à deriva, homem ao mar, ataque de piratas ou terrorismo.
Após a transmissão do alerta a estação transmissora deve ficar em alerta para escutar se houve reconhecimento imediato, caso não seja, deve repetir automaticamente a transmissão, reprogramando o equipamento para uma nova mensagem de socorro.
Recebida a mensagem por uma estação de terra ou unidade SAR a transmissão passa a ser realizada no canal VHF canal 16. Qualquer embarcação que receba a mensagem de socorro pode retransmitir para terra ou unidade SAR.
Não podemos esquecer que quando a embarcação que se destina a dar o atendimento ao pedido de socorro estiver comunicando com a embarcação, um controle deve ser feito pelas outras embarcações nas proximidades, ou seja, deve ser mantido o silêncio, o que internacionalmente é SEELONCE MAYDAY, que quer dizer que somente a embarcação em perigo e a autoridade possam se comunicar. SEELONCE FEENEE significa que o período de silêncio não é mais necessário e voltam a operar normalmente no canal 16.

PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS DO GMDSS

O sistema GMDSS permite que um navio em perigo possa enviar um alerta usando vários sistemas de rádio. Estes sistemas são projetados de tal forma que o alerta atue com uma probabilidade muito elevada de ser recebido por qualquer das autoridades de resgate em terra na costa e ou em outras embarcações que estejam navegando na área.
Equipamentos instalados a bordo do sistema GMDSS devem ser adequados dentro das normas internacionais e ter funções simples de operar, bem como de serem projetados para operação autônoma e automática.
Alertas de socorro deve ser capaz de serem ativados da ponte de controle da embarcação (passadiço) e por operador credenciado e capacitado.
As embarcações devem ser providas de EPIRB que devem ser instaladas próximo à ponte de comando com dispositivo automático para serem lançadas em caso de afundamento da embarcação.
Todos os navios SOLAS e os regulamentos estabelecem para cada área de navegação um conjunto de equipamentos, sendo que um conjunto mínimo de equipamentos é obrigado a possuírem.
VHF instalado e capaz de transmitir DSC no canal 70 e radiotelefonia nos canais 16,13 e 6.
SART se menos de 500 toneladas de arqueação bruta, 2 Sarts se mais de 500 toneladas de arqueação bruta.
Dois transceptores VHF portáteis para uso em embarcações de sobrevivência se menos de 500 toneladas de arqueação bruta, três se mais de 500 toneladas de arqueação bruta.
Um receptor NAVTEX, se o navio efetue viagens em qualquer área onde um serviço NAVTEX é fornecido.
Um receptor Inmarsat EGC, se o navio efetue viagens em qualquer área de cobertura onde os serviços Inmarsat MSI não são fornecidos pelo NAVTEX ou HF NBDP.
EPIRB operando em 406 MHz ou 1.6 GHz

CONCLUSÃO

Não podemos comparar com o sistema antigo de telegrafia, é sem sombra de dúvidas que o GMDSS trouxe uma espetacular melhoria nos sistemas de comunicação e salvamento marítimo, pois proporciona tecnologia de comunicação instantânea e automática, que permite salvar vidas em curto espaço de tempo, independente de condições atmosféricas locais que possam interferir nas comunicações.
Se analisarmos a fundo o sistema o que vislumbro que a quantidade de estações terrenas em muitas áreas do globo não é em número suficiente para captar alertas transmitidos por DSC e radiotelefonia, mas quiçá no futuro o sentido “Global” venha proporcionar uma maior cobertura.
Muitas publicações, muitos artigos são encontrados na Internet, a maioria na língua inglesa, o que para muitos fica impossibilitada a compreensão, porem acredito que este artigo possa dar uma visão geral sobre o sistema GMDSS.
  
BIBLIOGRAFIA

http://www.anatel.gov.br/ - Legislação – Agência Nacional de Telecomunicações - Sistema Global de Socorro e Segurança Marítima – GMDSS (Global Maritime Distress and Safety System)
https://www.cospas-sarsat.int/ - Cospas-Sarsat System
http://www.egmdss.com/ - EGC - DISTRESS alert
http://www.hidrografico.pt/ - Avisos à Navegação – NAVTEX
http://www.inmarsat.com/ - Our satellites
http://www.ito-inc.com/ - Radio HF/VHF/UHF
http://www.stormforcemarine.com/ - GMDSS for non-commercial vessels – site Storm Force Marine Ltd.
Curso Especial de Operador de Fonia – DPC – 1ª Edição – Rio de Janeiro
Lista de Auxílio Rádio – Comunicações de Perigo e Segurança – Capítulo 7 – 12ª Edição – Niterói – Rio de Janeiro.


2 comentários:

  1. Boa tarde Sr Aurelio, muito bacana o seu Blog e com informações bem completas e interessantes.
    Trabalho com comunicação satelital, vendemos e ativamos toda a linha de FBB, inmarsat c, vsat... sou de Itajaí-SC e estamos querendo entrar no mercado com a parte de emissao de certificados, homologações de GMDSS, programações, etc.
    Gostaria de ter mais informações sobre essa area.
    Meu email é guilherme.mello@onixtec.com.br.
    Fico no aguardo de um retorno.
    muito obrigado.

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