terça-feira, 18 de abril de 2017

A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO A BORDO DE NAVIOS

A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO A BORDO DE NAVIOS

A comunicação é um mecanismo utilizado pelos seres para se entenderem e conviverem, logo é uma necessidade básica para os seres humanos, portanto não deixa de ser uma forma de entender e ajudar através da troca de vozes, gestos, escritos e símbolos, por isso que os autores a classificam como verbal ou oral que é a falada, por leitura e escrita, e a não verbal que é aquela através de sons, símbolos, luzes, e gestos.

Na comunicação interna verbal a bordo ocorrerá de viva voz ou utilizando meios de comunicação como telefones, rádio VHF marítimo portátil, megafones, walkie-talkies, fonoclamas, etc., recorrendo à soletração do código fonético, como também pode ser de forma escrita como exemplo as circulares, adesivos, planos e instruções de segurança, faxes, cartas, etc.

Na comunicação via rádio são usadas ondas eletromagnéticas, mais remotamente utilizava o Código Morse que entrou em desuso por volta de 1999 com o emprego dos satélites através do Sistema GMDSS – Global Maritime Distress and Safety System. No sistema GMDSS podem ser operados nas comunicações de socorro, segurança e comerciais via estações terrestres por telefone, internet, VHF, VHF DSC, Epirb e equipamentos de transmissão automática de mensagens de emergência.

Com relação as comunicações não verbais temos os gestos muito utilizado nas aterrisagem e decolagem de helicópteros, acústicas / sonoras através de apito, sino, buzinas, sirene de nevoeiro, etc.,  luminosa através de lanternas, lâmpadas Aldis ou projetores de sinais, espelhos heliógrafos, lanternas, foguetes de sinalização, etc. como também improvisando com gestos.

Temos também a forma de comunicação pelas bandeiras integrantes do CIS -Código Internacional de Sinais, que é composto de 26 bandeiras alfabéticas, 10 galhardetes numerais, 3 bandeira substitutas e um galhardete de reconhecimento do CIS.

Outros meios de comunicação em caso de socorro, perigo podem ser utilizados os sinais visuais do constante RIPEAM – Regulamento Internacional para Evitar Abalroamento no Mar.

O ser humano por ser um ser social sem a comunicação não sobreviveria, pois a nossa existência depende diretamente da comunicação, não viveria sem transmitir os pensamentos e sentimentos, e a bordo ela tem a importância em situações de emergência e no dia-a-dia nas atividades operacionais e comerciais, o que sem o seu usual meio de comunicar, pode levar para a ocorrência de acidentes em frações de segundo ou mesmo deixar de cumprir contratos.

O navegador e outras funções a bordo precisa se comunicar porque assim não poderia colocar as suas habilidade e desempenhar suas tarefas dentro das próprias funções no dia-a-dia.

Todos sabem que navegar exige de todos a bordo alerta e vigilância, pois qualquer embarcação traça suas derrotas em pontos de grande circulação de tráfego e de baixas profundidades, bem como requer uma eficiência nas manobras quando tem a orientação de um Prático ou do próprio Comandante ao entrar em um porto e efetuar atracação, o mesmo ocorre quando desatraca e saí para o mar.

Muito escutei de superiores que no passadiço em hora de manobra não é o momento de conversa, pois pode provocar uma distração do timoneiro e causar um acidente.

Eu diria que a navegação é dependente da comunicação, busco o exemplo do saudoso comunicador televisivo Chacrinha que dizia “quem não se comunica se trumbica”, e a bordo é necessário que ocorra uma boa comunicação para que não ocorram incidentes.

Antes de iniciar uma viagem quando têm os dois pontos de partida e do destino, há a necessidade do Comandante dizer para o Oficial Navegador qual será a derrota que ele irá traçar por isso na navegação precisará desta comunicação para se concretizar, e planejar os detalhes de mudanças de rumo, distâncias de terra a serem observadas, correções de correntezas e ventos, observação da meteorologia e observações que a própria segurança marítima impõe pelos faróis, balizas e boias.

Em alto mar a comunicação é essencial para que a derrota seja segura, muitas vezes tem que se comunicar com autoridades ou outras embarcações, o que para isto dentre os princípios básicos nós podemos considerar a clareza, objetividade e concisão.

Embarcado o tripulante terá duas formas de se comunicar, internamente entre eles, e externamente com outros navios, estações costeiras, com o armador, com familiares e autoridades.

No processo de comunicação que poderá ser feita através de sons, gesto, sinais, símbolos etc., temos a figura do emissor que é o responsável por executar uma mensagem, o que vai percorrer um canal de transmissão até ser dirigida ao receptor que recebe, interpreta e decodifica a mensagem, gerando o ciclo do feedback (realimentação).

Em uma comunicação via rádio, deve o operador transmitir com clareza que é falar o texto da mensagem de forma que seja fácil o seu entendimento, evitando gírias e rodeios e fugindo dos ruídos, ou mesmo evitando que seja distorcida do objetivo.

Agir com objetividade é transmitir de maneira direta, sem rodeios de forma que não se alongue e seja mal interpretada.
Atuar com concisão é falar de forma curta / rápida, transmitindo somente o conteúdo que interessa.

A IMO - Organização Marítima Internacional com a finalidade de padronizar a nomenclatura técnica das comunicações a bordo, com o objetivo de auxiliar a comunicação entre embarcações, praticagem, atracadores etc. padronizou para a transmissão pela fonia – via VHF palavras ou expressões técnicas que são frases do IMO STANDARD MARINE COMMUNICATION PHRASES (SMCP) para ser utilizado pelos povos de diferentes linguagens, e dessa forma pudessem se comunicar com segurança no idioma internacional marítimo que é o inglês, com isso evitando que acidentes como colisões, abalroamentos, encalhes não ocorram.

Outras formas de comunicação via fonia comum em navegação, é utilizando o alfabeto fonético e algarismo internacional quando houver a necessidade de pronunciar alguma palavra de difícil recepção, e o código “Q”.

Não resta dúvida que este manual de orientação para as comunicações trouxe um grande benefício para que os marítimos de diferentes nacionalidades pudessem trazer uma melhor prática de linguagem padronizada.

Em muitos países no exterior não é de hoje que se utilizam do VTS (Vessel Traffic Service) – Serviço de Tráfego de Embarcações, mas em nosso país é um serviço recente que vem sendo empregado em alguns portos brasileiros, que vem a ser o monitoramento de embarcações em tempo real para se obter uma segurança eficaz do tráfego, onde o sistema é idêntico ao empregado na aviação, com controle de tráfego aéreo.

Através desse sistema o operador do VTS pode necessitar comunicar com o Oficial de Serviço no passadiço para alertá-lo sobre um posicionamento, orientá-lo debaixo de um nevoeiro, enfim comunicar em tempo real e de forma imediata para evitar incidentes que possam gerar riscos para a embarcação, meio ambiente e salvaguardar a tripulação.

Com a evolução da automação e sistemas de satélite muitos equipamentos vêm sendo implantados a bordo que podem auxiliar na condução de embarcações, e servir de apoio para uma comunicação, como o AIS, que discrimina dados graficamente em uma tela, mostrando informações das embarcações que circulam ao redor, e no caso de uma intervenção ou chamada de alerta pelo VHF poderá ser o auxílio para a sua identificação, chamada e alerta.

Através do sistema Navtex que tem uma cobertura mundial, é um serviço de radiofusão e recepção automática de informações de segurança marítima, através de telegrafia por impressão direta (NBDP), o que ajuda o Navegador a obter comunicações importantes sobre segurança marítima (MSI), comunicando alertas de navegação, previsões meteorológicas, avisos aos navegantes, avisos de busca e salvamento e resgate no mar.

Não deixa de ser importante para que se ocorra uma comunicação com eficácia que as comunicações verbais rotineiras, sejam bem conduzidas de forma que facilite as decisões e o entendimento comum.

É preciso salientar que navegar em alto mar, efetuar manobras de atracação nos terminais e outras tarefas são momentos difíceis que requerem muita atenção e rapidez nas ordens, o que exige um esforço de toda tripulação, pois um erro por distração pode levar a um incidente.
Manobras de leme na entrada e saída de rios e portos, quando são precisas rápidas guinadas, não pode haver erros, pois muitas vezes o Prático já trabalha nos limites de calado, e uma variação pode conduzir para um encalhe.

Uma guinada dentro de um canal para ser corrigido um erro pode levar a um acidente.

Hoje a preocupação mundial, com o desenvolvimento da globalização as tripulações são mistas, diversos idiomas, diversas nacionalidades e se não houver uma capacitação para operar dentro de uma comunicação padrão, pode haver riscos que pode levar a incidentes.

Eu diria que em um processo de comunicação diante de manobras o profissional que está sob o comando de uma embarcação ou mesmo sendo auxiliado por um Prático transmite pensamentos para o timoneiro dentro de regras e experiência e este logo vai realizar ações em um leme.

Há necessidade em uma comunicação verbal, logo o timoneiro deve claramente compreender, e para isso deve sempre alguém estar atento para corrigir qualquer falha na comunicação.

A técnica para a correta compreensão é de o timoneiro repetir a ordem dada pelo responsável pela condução da embarcação, o que por outro lado o Oficial que está de alerta de serviço deve sempre verificar se a ação foi correta.

Na comunicação é muito importante que seja aplicado um tom plausível, cadenciado e com clareza, sem forçar no sotaque.


É de suma importância que todos a bordo estejam familiarizados com os recursos que a comunicação fornece aos tripulantes dos navios de forma que busquem a melhor prática participando de treinamentos, e para isto, é importante que os gestores motivem a todos para que a comunicação seja uma fonte importante na segurança de todos a bordo.

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