Ciência Náutica é o estudo da navegação, da marinharia e da operação de navios e outras embarcações no mar.
A Ciência Náutica é uma área
que combina conhecimentos teóricos com habilidades práticas para garantir a
movimentação segura e eficiente dos navios.
A navegação marítima combina
ciência e arte.
A Ciência Náutica é uma arte,
em geral refere-se ao conhecimento necessário para navegar e operar navios com
segurança, onde quem opera estes navios precisão ter conhecimentos e
habilidades para operações de carga, estabilidade, manutenção dos navios,
sistemas de governo e as regras de manobra no mar, segurança contra incêndio,
procedimentos de abandono e salvatagem, navegação e todos os assuntos
comerciais e jurídicos relativos ao negócio marítimo.
Imaginemos um navio
carregado de containeres parte de Le Havre, na França, destinado a Quebec, no
Canadá, ou seja, a sua navegação será realizada cruzando o Oceano Atlântico
Norte em 3, 334 Nautical Miles (6,175 km), numa velocidade de 15 nós, levaria
aproximadamente 9 dias para a sua travessia. Após o terceiro dia o console
(painel) do passadiço entra em colapso atingindo todos os equipamentos do sistema
de navegação, e o navio fica sem condições de determinar posições pelo
navegador satélite (GPS).
O GPS, ou
sistema de posicionamento global, é um sistema de navegação baseado em
satélite.
Imaginemos
que devido ao problema no GPS, a navegação por rádio, também foi atingida
ficando inoperante, ou seja, a navegação por rádio é semelhante à navegação
celestial, ou seja, substitui os astros por ondas de rádio transmitidas, como
exemplo Radiogoniômetro (ADF Automatic Direction Finder), ARPA, ECDI, Etc.
A navegação
por rádio é semelhante à navegação celestial, exceto que substitui objetos no
céu por ondas de rádio transmitidas. O navegador pode sintonizar uma estação de
rádio e usar uma antena para encontrar a direção da antena de transmissão do
rádio. A posição pode ser determinada medindo o tempo que leva para receber
sinais de rádio das estações de locais conhecidos no solo ou a bordo de
satélites.
Numa
situação dessas onde a agulha giroscópica também deixou de atuar, pois é um tipo de compasso não magnético que é baseado em um disco de
rotação rápida e rotação da Terra para encontrar automaticamente a direção
geográfica, logo restou utilizar para orientação a agulha magnética (bússola).
Quem vai para
o mar deve estar preparado para todas as anomalias. Aí fica a pergunta, e agora? Está diante de uma circum-navegação,
uma viagem ao redor do globo terrestre entre dois continentes, navegando na
direção oeste sem equipamentos tão importantes?
Estará
navegando sobre um arco de circunferência de círculo máximo, o qual na
superfície esférica vai representar a mais curta distância entre os dois
portos.
Traçado
rumo na carta náutica será uma longa curva com a concavidade virada para a
linha do equador, será uma navegação ortodrômica, que minimiza a distância
entre estes dois portos. Será uma navegação que necessitará de correções de
rumo constantes, já que o ângulo de cada meridiano será sempre diferente, caso
a navegação fosse sobre a linha do equador não haveria correções.
O
comandante a partir deste momento deverá saber qual será a sua decisão frente a
esta situação, de ficar sem o GPS e equipamentos de navegação eletrônica sem
condições de captar sinais de radiotransmissores, e ter que governar sob
orientação da agulha magnética.
Surgem as
perguntas: Onde estou? Qual o sentido do vento e das correntes? Qual rumo deve
seguir para chegar com segurança e pontualmente no destino?
Em uma
navegação marítima conduzir um navio nestas condições requer observância a 6 (seis)
fatores:
Primeiro: ter a bordo as seguintes publicações Almanaque Náutico do
ano, Tábuas para Navegação Astronômicas e Tábua de Norie.
Segundo: ter um Sextante, e saber efetuar cálculo de erros
instrumentais e retificar o instrumento.
Terceiro: cálculos astronômicos, ou seja, saber qual a orientação a
dar ao navio para aplicada as correções de rumo chegar ao destino? No primeiro
momento ele precisa certificar da sua posição, o que para isto deverá utilizar
dos conhecimentos da náutica, ou seja, de cálculos de navegação como exemplos
de pontos astronômicos:
- Passagem
meridiana, também denominada culminação de um astro, ou seja, a sua
passagem pelo meridiano do observador (local), ou seja, o grande círculo que
passa pelo zênite do observador e pelos pontos cardeais norte e sul, sendo o seu Azimute precisamente 000º(Norte) ou
180º(Sul). Nesse momento o astro (exemplo no caso do sol que é o mais
utilizado a bordo) é o momento que o astro atinge a altura angular máxima em
seu movimento aparente na abóboda celeste, definido o meio dia verdadeiro do
local onde é observado. Este cálculo apresenta a determinação da latitude.
- Transporte
de retas, é o cálculo usando duas ou mais retas de um mesmo astro,
observados em instantes diferentes, e através da estimativa da distância percorrida,
cruzando vamos ter nossa posição.
Temos:
- Reta de
altura do sol – tangente de posição;
- Reta de
altura do sol – secante de posição;
-
Observações de retas simultâneas das estrelas no por do sol e no crepúsculo;
-
Observações de retas simultâneas entre planetas e estrelas;
-
Observações de retas simultâneas entre estrelas e estrela polar;
- Cálculos
de azimutes, neste exemplo simulado, onde se navega pela agulha magnética é
importante o cálculo do azimute para determinar o desvio da agulha magnética,
onde temos:
- Cálculos
de azimutes dos astros para correção de desvios da agulha magnética; entre
outros.
Quarto: saber traçar o rumo considerando o arco de círculo máximo,
aplicando correções angulares.
Quinto: saber corrigir abatimentos causados pelo vento e correntes
marinhas.
Sexto: saber efetuar correções de desvios da agulha magnética.
Possuindo
uma calculadora eletrônica programável ou programada permite maior agilidade
nos cálculos astronômicos.
A agulha
magnética é considerada o instrumento mais importante a bordo, seguido do
cronômetro, pois é indispensável para se estabelecer a longitude.
O navio
estando no meio do Atlântico, durante o dia o navegador deve começar a tomar
uma série de alturas do Sol para que possa determinar o exato momento do
meio-dia, isto é, o momento em que o sol atingirá sua altitude máxima nesse
ponto da superfície da Terra, e calcular a passagem meridiana, e com a consulta
do cronômetro, com hora em relação ao meridiano de Greenwich, e obtém sua
posição, transportando retas do sol previamente observadas.
Para o
navegador obter uma linha de posição precisará da ferramenta sextante para
observar o astro, um cronômetro para calcular o tempo, e tabelas de navegação,
e um almanaque que forneça as posições dos corpos celestes.
Encontrar a
latitude no mar é utilizar instrumentos como o sextante para medição de ângulos
e uma dessas oportunidades é medir o ângulo entre a Estrela Polar e o
horizonte.
Um
navegador deve pensar sempre de forma estratégica, operacional e de modo
tático, deve ao sair para uma navegação como esta descrita acima, reunir
informações de navegação, checar equipamentos e traçar seu plano de viagem,
sempre projetando situações perigosas e suas respostas frente a elas, conhecer
o seu navio, seus equipamentos, métodos e técnicas de navegação.
A navegação
celestial é a arte e a ciência de navegar pelas estrelas, sol, lua, e planetas,
e é uma das mais antigas artes humanas, e para isto tem que dominar os cálculos
astronômicos.
Confiar no Sistema
de Posicionamento Global (GPS) é um fato que todos em serviço no passadiço
devem usar e confiar, mas todo equipamento está sujeito a falhas, e nesse
momento deverá estar capacitado para usufruir dos conhecimentos que a náutica
oferece.
Em uma
navegação em arco de círculo máximo, como é o caso, você deve identificar o
ponto inicia e final da derrota, aonde o trecho vai mudando, aonde os trechos
longos vão sendo mudados, ou seja, havendo uma divisão em partes menores de
rumos, sendo que o ponto que determina um trecho é denominado de waypoint, aonde
vai sendo ajustado o rumo.
Imaginemos
que o navio ao aproximar do continente, aproximando do Canadá, ocorre que os
radares apresentem problemas e ficam inoperativos, como navegava em zona de
inverno do Atlântico Norte, o nevoeiro é constante. E agora, sem GPS, sem
radiogoniômetro, sem radar, o que fazer para chegar na entrada do Rio St.
Lawrence.
Para um
navio numa situação dessa só resta utilizar a carta náutica e tentar navegar em
cima de uma linha de mesma profundidade - isobáticas, até chegar a entrada do
Rio São Lourenço.
Vivenciei
situação similar, e sem o conhecimento nada é possível de obter uma chegada com
segurança, por isso fica a mensagem da importância de ter o conhecimento
técnico da náutica.
Os
marítimos e o estudo das Ciências Náuticas são a espinha dorsal da Indústria
Marítima e da Marinha Mercante.
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