sábado, 8 de junho de 2024

NÁUTICA – O CONHECIMENTO DA NAVEGAÇÃO CELESTIAL

Ciência Náutica é o estudo da navegação, da marinharia e da operação de navios e outras embarcações no mar.

A Ciência Náutica é uma área que combina conhecimentos teóricos com habilidades práticas para garantir a movimentação segura e eficiente dos navios.

A navegação marítima combina ciência e arte.

A Ciência Náutica é uma arte, em geral refere-se ao conhecimento necessário para navegar e operar navios com segurança, onde quem opera estes navios precisão ter conhecimentos e habilidades para operações de carga, estabilidade, manutenção dos navios, sistemas de governo e as regras de manobra no mar, segurança contra incêndio, procedimentos de abandono e salvatagem, navegação e todos os assuntos comerciais e jurídicos relativos ao negócio marítimo.

Imaginemos um navio carregado de containeres parte de Le Havre, na França, destinado a Quebec, no Canadá, ou seja, a sua navegação será realizada cruzando o Oceano Atlântico Norte em 3, 334 Nautical Miles (6,175 km), numa velocidade de 15 nós, levaria aproximadamente 9 dias para a sua travessia. Após o terceiro dia o console (painel) do passadiço entra em colapso atingindo todos os equipamentos do sistema de navegação, e o navio fica sem condições de determinar posições pelo navegador satélite (GPS).

O GPS, ou sistema de posicionamento global, é um sistema de navegação baseado em satélite.

Imaginemos que devido ao problema no GPS, a navegação por rádio, também foi atingida ficando inoperante, ou seja, a navegação por rádio é semelhante à navegação celestial, ou seja, substitui os astros por ondas de rádio transmitidas, como exemplo Radiogoniômetro (ADF Automatic Direction Finder), ARPA, ECDI, Etc.

A navegação por rádio é semelhante à navegação celestial, exceto que substitui objetos no céu por ondas de rádio transmitidas. O navegador pode sintonizar uma estação de rádio e usar uma antena para encontrar a direção da antena de transmissão do rádio. A posição pode ser determinada medindo o tempo que leva para receber sinais de rádio das estações de locais conhecidos no solo ou a bordo de satélites.

Numa situação dessas onde a agulha giroscópica também deixou de atuar, pois é um tipo de compasso não magnético que é baseado em um disco de rotação rápida e rotação da Terra para encontrar automaticamente a direção geográfica, logo restou utilizar para orientação a agulha magnética (bússola).

Quem vai para o mar deve estar preparado para todas as anomalias. Aí fica a pergunta, e agora? Está diante de uma circum-navegação, uma viagem ao redor do globo terrestre entre dois continentes, navegando na direção oeste sem equipamentos tão importantes?

Estará navegando sobre um arco de circunferência de círculo máximo, o qual na superfície esférica vai representar a mais curta distância entre os dois portos.

Traçado rumo na carta náutica será uma longa curva com a concavidade virada para a linha do equador, será uma navegação ortodrômica, que minimiza a distância entre estes dois portos. Será uma navegação que necessitará de correções de rumo constantes, já que o ângulo de cada meridiano será sempre diferente, caso a navegação fosse sobre a linha do equador não haveria correções.

O comandante a partir deste momento deverá saber qual será a sua decisão frente a esta situação, de ficar sem o GPS e equipamentos de navegação eletrônica sem condições de captar sinais de radiotransmissores, e ter que governar sob orientação da agulha magnética.

Surgem as perguntas: Onde estou? Qual o sentido do vento e das correntes? Qual rumo deve seguir para chegar com segurança e pontualmente no destino?

Em uma navegação marítima conduzir um navio nestas condições requer observância a 6 (seis) fatores:

Primeiro: ter a bordo as seguintes publicações Almanaque Náutico do ano, Tábuas para Navegação Astronômicas e Tábua de Norie.

Segundo: ter um Sextante, e saber efetuar cálculo de erros instrumentais e retificar o instrumento.

Terceiro: cálculos astronômicos, ou seja, saber qual a orientação a dar ao navio para aplicada as correções de rumo chegar ao destino? No primeiro momento ele precisa certificar da sua posição, o que para isto deverá utilizar dos conhecimentos da náutica, ou seja, de cálculos de navegação como exemplos de pontos astronômicos:

- Passagem meridiana, também denominada culminação de um astro, ou seja, a sua passagem pelo meridiano do observador (local), ou seja, o grande círculo que passa pelo zênite do observador e pelos pontos cardeais norte e sul, sendo o seu Azimute precisamente 000º(Norte) ou 180º(Sul). Nesse momento o astro (exemplo no caso do sol que é o mais utilizado a bordo) é o momento que o astro atinge a altura angular máxima em seu movimento aparente na abóboda celeste, definido o meio dia verdadeiro do local onde é observado. Este cálculo apresenta a determinação da latitude.

- Transporte de retas, é o cálculo usando duas ou mais retas de um mesmo astro, observados em instantes diferentes, e através da estimativa da distância percorrida, cruzando vamos ter nossa posição.

Temos:

- Reta de altura do sol – tangente de posição;

- Reta de altura do sol – secante de posição;

- Observações de retas simultâneas das estrelas no por do sol e no crepúsculo;

- Observações de retas simultâneas entre planetas e estrelas;

- Observações de retas simultâneas entre estrelas e estrela polar;

- Cálculos de azimutes, neste exemplo simulado, onde se navega pela agulha magnética é importante o cálculo do azimute para determinar o desvio da agulha magnética, onde temos:

- Cálculos de azimutes dos astros para correção de desvios da agulha magnética; entre outros.

Quarto: saber traçar o rumo considerando o arco de círculo máximo, aplicando correções angulares.

Quinto: saber corrigir abatimentos causados pelo vento e correntes marinhas.

Sexto: saber efetuar correções de desvios da agulha magnética.

Possuindo uma calculadora eletrônica programável ou programada permite maior agilidade nos cálculos astronômicos.

A agulha magnética é considerada o instrumento mais importante a bordo, seguido do cronômetro, pois é indispensável para se estabelecer a longitude.

O navio estando no meio do Atlântico, durante o dia o navegador deve começar a tomar uma série de alturas do Sol para que possa determinar o exato momento do meio-dia, isto é, o momento em que o sol atingirá sua altitude máxima nesse ponto da superfície da Terra, e calcular a passagem meridiana, e com a consulta do cronômetro, com hora em relação ao meridiano de Greenwich, e obtém sua posição, transportando retas do sol previamente observadas.

Para o navegador obter uma linha de posição precisará da ferramenta sextante para observar o astro, um cronômetro para calcular o tempo, e tabelas de navegação, e um almanaque que forneça as posições dos corpos celestes.

Encontrar a latitude no mar é utilizar instrumentos como o sextante para medição de ângulos e uma dessas oportunidades é medir o ângulo entre a Estrela Polar e o horizonte.

Um navegador deve pensar sempre de forma estratégica, operacional e de modo tático, deve ao sair para uma navegação como esta descrita acima, reunir informações de navegação, checar equipamentos e traçar seu plano de viagem, sempre projetando situações perigosas e suas respostas frente a elas, conhecer o seu navio, seus equipamentos, métodos e técnicas de navegação.

A navegação celestial é a arte e a ciência de navegar pelas estrelas, sol, lua, e planetas, e é uma das mais antigas artes humanas, e para isto tem que dominar os cálculos astronômicos.

Confiar no Sistema de Posicionamento Global (GPS) é um fato que todos em serviço no passadiço devem usar e confiar, mas todo equipamento está sujeito a falhas, e nesse momento deverá estar capacitado para usufruir dos conhecimentos que a náutica oferece.

Em uma navegação em arco de círculo máximo, como é o caso, você deve identificar o ponto inicia e final da derrota, aonde o trecho vai mudando, aonde os trechos longos vão sendo mudados, ou seja, havendo uma divisão em partes menores de rumos, sendo que o ponto que determina um trecho é denominado de waypoint, aonde vai sendo ajustado o rumo.

Imaginemos que o navio ao aproximar do continente, aproximando do Canadá, ocorre que os radares apresentem problemas e ficam inoperativos, como navegava em zona de inverno do Atlântico Norte, o nevoeiro é constante. E agora, sem GPS, sem radiogoniômetro, sem radar, o que fazer para chegar na entrada do Rio St. Lawrence.

Para um navio numa situação dessa só resta utilizar a carta náutica e tentar navegar em cima de uma linha de mesma profundidade - isobáticas, até chegar a entrada do Rio São Lourenço.

Vivenciei situação similar, e sem o conhecimento nada é possível de obter uma chegada com segurança, por isso fica a mensagem da importância de ter o conhecimento técnico da náutica.

Os marítimos e o estudo das Ciências Náuticas são a espinha dorsal da Indústria Marítima e da Marinha Mercante.

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