Este artigo ilustra uma
ideia de prevenção para este tipo de transporte.
O café é um dos maiores
mercados de commodities do mundo, com o estimulante matinal de muitos vindo em
segundo lugar, depois do petróleo! Todos os anos, 7 bilhões de quilos de café
são comercializados e 133 milhões de sacas são exportadas, criando um mercado
de 28 bilhões de dólares. (freightcenter – 2024)
O café é considerado a quarta
maior cultura agrícola em faturamento segundo informações da ebc e o transporte
em contêineres encontra desafios por se tratar de uma carga higroscópica e
delicada, ou seja, contem certa quantidade de umidade, tornando-os vulneráveis
à condensação. Ocorrendo condensação e dependendo do tempo estivado dentro de
um contêiner os riscos de avarias por umidade e fungos poderá ocorrer.
(agenciagov.ebc, 2024).
Como escolher o contêiner
para o transporte?
Existem mais de 20 milhões
de contêineres de transporte intermodais no mundo, mas você precisa ter certeza
de que o seu é adequado para transportar café. A primeira questão é se o
contêiner em si é sólido, ou seja, não está cheio de furos enferrujados. A
segunda é o que foi transportado anteriormente no contêiner. Qualquer coisa com
um componente químico provavelmente deixará um odor residual que contaminará o
café durante o transporte. Da mesma forma, qualquer tentativa de limpar o
contêiner também pode resultar em um cheiro residual do tipo "desinfetante"
que estragará novamente os grãos - chamamos esses contêineres de "grau
alimentício". (drwakefield, 2024)
Durante o transporte das
sacarias contendo o café em grãos estivado/armazenados em contêiner, a
possibilidade de aumento da condensação poderá ocorrer, por se tratar de um
invólucro com a mínima janela de ventilação na parte superior, ambos os lados, o
que não oferece boa troca de ar.
É de suma importância que o
café seja protegido da umidade durante o transporte.
Segundo especialistas
informam que o ideal é que o café armazenado e transportado deve estar a uma
temperatura interna de 18 a 25 °C.
Por meio de mudanças maiores
na temperatura, a água condensada se acumula nas paredes internas do contêiner,
também chamada de "suor do recipiente", o que leva gotejamento do
teto, pingando sobre as sacarias.
A umidade pode fazer com que
o café altere seus aromas, apodreça e se torne um perigo para a saúde dos
consumidores.
Importante observar que
trocas de ar dentro do contêiner é fundamental, o que dificultará o equilíbrio
do ponto de orvalho, evitando a formação do suor e gotejamento.
Trata-se de uma situação difícil
de evitar a condensação, porque temos que observar que o transporte ocorre em
muitos casos com a estufagem e embarque ocorrendo no verão brasileiro para
descarga no inverno europeu, passando pelo equador onde aumenta possibilidades
do suor do contêiner, pois enfrenta temperaturas altas, o que aumentam as
chances da condensação dentro do contêiner.
Em determinados portos na
Europa sacos manchados de ferrugem (que desprende da estrutura do container)
são condenados.
O que na prática ocorre são
situações de proteção, poderá ser feito uma forração das paredes e piso do
container, bem como na parte superior do bloco de estivagem, com papelão Kraft,
ou papelão ondulado, porem com as ondulações voltadas para os painéis laterais,
o que entendo geram duas situações, evita o pingamento do teto direto sobre o
bloco de estivagem, mas por outro lado bloqueia a fraca ventilação já
característica devido à própria estrutura do contêiner.
Indiferente do transporte de
sacaria em porões, onde se faz corredores de ventilação, no contêiner a
estivagem normalmente é feita em xadrez, cruzando camadas para evitar que se
movimentam, no caso do contêiner não ocorre canais de ventilação.
Para que diminuem os riscos
da condensação normalmente a sacaria é feita de fibra natural (sisal ou juta) sendo
que pode ocorrer também o ensacamento em polipropileno, o que não é muito
aconselhável, pois não permite o mesmo nível de ventilação. O saco de fibra
natural também absolve umidade.
Um grande temor no
transporte de contêiner com café no caso de molhadura de sacarias é o da
formação de fungos, o que torna condenável.
É uma situação difícil de
não prever uma condensação quando se transporta de clima quente para clima
frio, pois sempre a tendência é que a temperatura ambiente dentro do contêiner
altere durante a travessia.
A condensação nas paredes internas
do contêiner ocorrerá quando estiverem mais frias do que o ponto de orvalho do
ar dentro do contêiner.
Por se tratar de uma carga
nobre, é fundamental que a escolha do contêiner deve ser a primeira observação,
um container com estrutura comprometida e em estado péssimo de conservação não
deve ser utilizado para este tipo de transporte.
Outro ponto importante a
observar, que o contêiner deve estar isento de ferrugem nas suas paredes
internas, principalmente no teto, pois ocorrendo gotejamento devido à
condensação que vai contaminar a sacaria, onde gera manchas.
É comum encontrar contêineres
com bolhas de ferrugem no teto, o que poderá estar escondido um furo,
consequentemente facilitando entrada de água salgada dos borrifos do mar, de
chuva ou de neve.
O fechamento das portas deve
estar em perfeito estado, borrachas endurecidas é uma condição de risco para a
perfeita vedação.
Importante observar na
questão das últimas cargas transportadas pelo contêiner, se houve transporte de
algum produto químico com certeza deixou algum odor, que vai contaminar o café,
por se tratar de um produto higroscópico.
A limpeza é fundamental
evitando usar produtos que contenham odor como exemplo desinfetante, buscando
utilizar produtos neutros e desengraxantes, para uma perfeita limpeza.
A limpeza é importante,
entendo que a lavagem interna para tirar odore sempre é recomendável, não
podendo esquecer que o piso dos contêineres tem como padrão madeira, compensado
naval ou placas perfuradas, onde pode incrustar sujeiras de prévias cargas
transportadas, neste caso deve ser raspado qualquer resíduo aderido ao piso ou
nas paredes internas.
Vazamento de cargas no
interior sempre acontece, líquido ou pó, poderá acumular nos cantos das
paredes, o que será necessário utilizar jatos de água para uma perfeita
limpeza.
Após a limpeza com água deve
deixar abertas as portas para uma perfeita secagem.
Uma das sugestões dos
especialistas é carregar contêineres de café abaixo do convés dentro de porões,
pois estão menores suscetíveis a mudanças bruscas de temperaturas, sendo que
internamente existe a ventilação natural ou mecânica (forçada) pelo sistema de
ventilação do navio.
Na prática o que se verifica
que normalmente o café geralmente é carregado em clima quente e segue para o
norte do globo onde vamos encontrar climas frios, e no deslocamento o container
vai resfriando, e consequentemente o ar úmido esfria, logo haverá formação de
condensação nas paredes metálicas e internas do contêiner.
Nos períodos de inverno
europeu, ocorrerá que a temperatura externa será inferior ao ponto de orvalho
do ar dentro do contêiner.
Não podemos esquecer que o
café é ensacado e armazenado em temperatura de verão, portanto suscetível a
diversas mudanças de temperatura desde o estufamento e transporte, e caso seja
molhado os grãos estarão propensos ao crescimento de fungos, tornando o café impróprio
para o consumo.
O procedimento usual no
empilhamento da estufagem normalmente é feito em camadas sobrepostas, o que
possibilita uma circulação de ar melhor.
Um dos artifícios para
minimizar a condensação é o uso de dessecantes em forma de sachês, produto
composto por sílica gel, que removem a umidade durante o transporte, entretanto
a eficácia deste produto dependerá da quantidade de umidade retida dentro do
contêiner, mas tem sido sua aplicação rotineira.
Com relação à estivagem a
bordo de um contêiner contendo café, importante observar que uma estivagem no
convés principalmente no alto da pilha estará mais sujeito às altas
temperaturas do sol ou à baixa devido neve, o que na prática os estudiosos
sugerem que a estivagem seja realizada dentro dos porões abaixo da linha d’água
e longe do porão frontal à praça de máquinas.
No caso de transporte em
contêineres reefers existe uma maior circulação de ventilação pelo piso que é
formado por uma estrutura parecida com trilhos, porém todo cuidado deve ser dado
quanto à questão do odor de cargas previamente transportadas.
Bibliografia
Apontamentos do autor
Knight, K.G., Lloyd’s Survey
Handbook, 1985
https://www.cargohandbook.com/Coffee_Beans -
Coffee Beans, 2024
https://www.freightcenter.com/shipping/ultimate-guide-to-shipping-coffee/,
Ultimate Guide to shipping coffeeShipping Coffee, 2024
https://agenciagov.ebc.com.br/,
2024
https://drwakefield.com/news-and-views/the-dangers-of-shipping-coffee/
- The dangers of shipping coffee, 2024
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