quinta-feira, 26 de setembro de 2013

LANÇAMENTO DE BALSA AUTO-INFLAVEL

UTILIZAÇÃO DA BALSA AUTO-INFLÁVEL (JANGADA), UM DOS EQUIPAMENTOS DE SALVAMENTO NO MAR

Na atualidade têm ocorrido diversos acidentes envolvendo embarcações, e muitas vezes sendo necessário o abandono, e o que estamos vendo na prática que muitas vidas se perdem por não utilizarem as balsas auto infláveis, ou mesmo acidentam durante a operação de lançamento.
Abaixo vou descrever o procedimento que sempre apliquei em meus treinamentos, seja a bordo dos navios por onde estive embarcado, seja durante meus treinamentos do Ensino Profissional Marítimo.
Seguido esta faina na sua sequência, eu diria que as possibilidades de acidentes e perda de vidas seriam nulas. 
As balsas pneumáticas são um dos meios de salvação mais utilizados nas embarcações, e que oferecem maior segurança, visto que são mais fáceis de lançar à água, ocupam pouco espaço a bordo e, devido a sua condição técnica de flutuação permitem alojar grande número de tripulantes e passageiros. A operação é simples, elas inflam automaticamente ao serem jogadas n'água, após ser disparado o sistema de válvula de escape, onde a garrafa contendo gás não tóxico promove o seu enchimento.

Estas balsas têm como métodos:


1º) Lançamento por flutuação livre: é o método de lançamento pelo qual a embarcação se desprende, automaticamente, de uma embarcação que está afundando e fica pronta para a sua utilização. (ao atingir cerca de 4 metros o empuxo da embarcação que está afundando pressionará a válvula hidrostática presa no convés, liberando-a do picadeiro)
2º) Lançamento manual: é o método pelo qual a balsa é lançada do seu berço (picadeiro) ao mar, onde será inflada quando tesado a boca (linha/cabo de exploração) que acionará o dispositivo automático, fazendo-a inflar.

PROCEDIMENTO DE LANÇAMENTO MANUAL:
Considerando apenas uma balsa posicionada em seu berço, para lançamento manual, com apenas 2 tripulantes / passageiros.

1º)   Soltar a cinta que envolve e prende a balsa no berço (cinta que a envolve na parte superior em meia volta), libera o gato de escape BERÇO (picadeiro).
2º) Abrir a varanda ou borda.
3º) Observar se na água não existem objetos, pessoas, etc. e lançar a balsa, cada homem segurando por uma extremidade.
4º) Atirar a balsa no mar pela rampa ou do cabide (suporte) - Empurre-a (jogue-a) para o mar.
5º) A boça ou cabo de disparo vai solecando (soltando) até tesar, e disparar a garrafa de gás, que inflará a balsa.
6º) Caso a balsa caia n'água e não ocorra que infle, puxe (tese) o cabo de disparo até que este ofereça resistência e dar um último puxão para que a válvula da garrafa (CO2) se abra, e infle a balsa.
Atenção: A balsa demora em média de 20 a 30 segundos para insuflar.
7º) Caso o casulo não abra ou abra em parte, não deixando inflar, um tripulante deve nadar até a balsa, verificar no casulo (invólucro) e arrancar as fitas de adesivo ou quebrar as cintas que prendem as duas partes.
8º) Caso o dispositivo de inflar não funcione, um tripulante deverá nadar até a balsa, retirar a tampa da válvula de insuflação de ar e proceder no enchimento com a bomba manual (fole).
9º) Disparar uma escada de quebra peito caso haja e esteja disponível.
10º) O líder, puxa a balsa até próximo da escada, desça pela escada segurando pela boça, e embarque até próximo à água.
11º) Após embarcar e inspecionar, autoriza o embarque dos demais.
12º) Após todos embarcados, deve-se puxar ao máximo possível o cabo de disparo para dentro da balsa (recolher o cabo), e cortá-lo com a faca sem ponta que está fora do saco da palamenta, na entrada da balsa.
13º) Usando os remos flutuantes, que se encontram fora do saco da palamenta, e com o auxílio da âncora flutuante, afasta-se do navio.
14º) Somente após a confirmação de que não tem mais ninguém na água é que a balsa deverá ser fechada.

Obs. O cabo de disparo não deve ser desamarrado do sistema hidrostático para ser amarrado na varanda para que não se perca tempo, uma vez que nesta posição ele já está seguro. Essa prática é necessária para as balsas que não possuem dispositivo de flutuação livre (válvula hidrostática), cujo cabo de disparo fica solto para que a balsa seja deslocada para melhor local de lançamento, o mais rápido possível, nas emergências.

ATENÇÃO: é necessário que as pessoas embarquem sem nenhum tipo de material, equipamento ou acessório que possa vir a danificar a balsa, provocando seu esvaziamento.  Mesmo possuindo material de reparo, pode ser difícil fazê-lo em condições adversas com água, sal, balanço, etc.

RECOMENDAÇÕES E PRECAUÇÕES:
1) Quando alguma balsa estiver com vencimento próximo ou vencida se possível combinar com a empresa reparadora a sua utilização para treinamento da tripulação, é um momento para treinar a tripulação nas técnicas de abordagem, pois é um momento de extrema valia.
2) Somente liberar o sistema hidrostático quando a varanda do convés estiver aberta.
3) Quando a queda for inferior a 11 metros haverá necessidade de puxar a linha de exploração para acionar o cilindro de gás (CO2+ N2), caso contrário ela vai disparar durante a queda.

CONCLUSÃO:
Convicto de que a adoção de regras e procedimentos em lançamentos de balsas auto infláveis como descrito acima tem por objetivo aumentar a certeza de que não haverá falha, nem acidente, e poderá melhorar a eficiência e reduzir obstáculos, logo promovendo segurança da vida humana no mar.


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