CARGA FRIGORIFICADA
(CONGELADA OU REFRIGERADA)
1
- INTRODUÇÃO
O método da refrigeração tem como objetivo
dar segurança ao armazenamento de produtos perecíveis, através de navios
frigoríficos e contêineres que são as alternativas para o transporte destes
produtos, cuja ação é a remoção de calor dos espaços de cargas, e
mantendo-os a uma temperatura dentro do ambiente desejado.
Para evitar que haja falha no armazenamento e
transporte e comprometer a qualidade dos produtos de baixa temperatura, escrevi
este artigo com intuito de auxiliar todos que operam com navios e contêineres
reefers.
Qualquer falha no sistema de refrigeração
pode não somente comprometer a qualidade do produto, mas também promover
reações químicas, bioquímicas e microbiológicas que irão influenciar na
maturação, putrefação e perda do produto.
2
- CARGAS FRIGORIFICADAS, TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO.
2.1
- DEFINIÇÃO
Carga frigorificada é a carga que
requer processo de refrigeração ou congelamento para conservar as qualidades
essenciais dos gêneros alimentícios como carnes, peixes, vegetais, flores, frutas,
produtos farmacêuticos, etc.
Qual a diferença entre uma carga congelada ou
refrigerada?
Refrigerada: é a carga que
passou pelo processo de abaixamento de temperaturas ficando em torno de
8ºC a -1ºC, não ocorrendo formação de cristais de gelo.
Congelada: é a carga que
passou pelo processo de abaixamento de temperaturas ficando entre -10ºC a
-40ºC, ocorrendo à formação de gelo.
2.2
- TRANSPORTE
No transporte de carga refrigerada podemos
encontrar no modal marítimo os navios frigoríficos e os contêineres reefers, e
nos demais modais câmaras frigoríficas especializadas para cada tipo de
transporte, seja ferroviário, seja rodoviário em sua maioria com
"genset" ou motores de refrigeração auxiliares.
Genset: são geradores
para contêineres, normalmente movidos a óleo diesel.
Um navio frigorífico possui
máquinas frigoríficas, sendo o princípio de funcionamento formado por um agente
frigorífico que é o gás que circula por serpentinas, que ficam dispostas nas
anteparas dos porões e câmaras, com redes independentes para evitar
contaminação pelo cheiro.
Um contêiner refrigerado possui isolamento
térmico para que sua temperatura interna seja mantida, e possui unidade
refrigeradora própria que gera a temperatura desejada.
É um equipamento que se caracteriza pela
resistência e facilidade de transporte de mercadorias, por um ou mais modais.
Os víveres frescos pela sua própria
característica possuem uma temperatura ordinária que se decompõem em pouco
tempo, caso não estejam estocadas em câmaras frigoríficas.
2.3
- ARMAZENAMENTO
As câmaras frigoríficas são
compartimentos fechados, isolados termicamente e refrigerados com o objetivo de
manter condições termo higrométricas. Nos navios para alcançar temperaturas
muito baixas, são utilizados sistemas de serpentinas contendo um líquido
chamado de "salmoura", líquido incongelável, que é arrefecido por
máquina frigorífica.
Condições termo higrométricas: são condições de
temperatura e umidades adequadas para cada tipo de víveres.
Nos navios frigoríficos cada
compartimento está termicamente isolado do exterior, e a temperatura desejada
para o transporte obtém-se por intermédio de máquina frigorífica. O mesmo
processo é aplicado para o container.
No interior das câmaras frigoríficas temos
alguns instrumentos de controle como: termômetros (mede o grau
de temperatura), termógrafo-registrador (mede a variação e duração
dessas temperaturas) e psicrômetro ou higrômetro (mede a umidade do ar).
Termógrafos: são termômetros
especiais, possuem um sensor térmico e possuem uma fita onde são registradas as
temperaturas de circulação do ar.
3
- PROCEDIMENTOS ANTES DE RECEBER CARGA
Antes de qualquer início de uma lavagem, os
locais sejam no container, câmara frigorífica ou porão, os resíduos (varredura)
devem ser recolhidos e removidos fins evitar que o processo de deterioração
comece a formar causando propagação de insetos e mau cheiro.
Limpeza de porões frigoríficos: recomenda-se uma
limpeza com baldeação com sabão e água doce quente com pressão para retiradas
de resíduos e odores, bem como resíduos que ficam impregnados nas paredes das
câmaras frigoríficas, dalas e pocetos, borracha de vedação de portas, tampas de
escotilhas, etc. Os estrados devem ser removidos para uma limpeza e lavagem de
produtos que ficam impregnados.
É comum também utilização de desinfetante
comercial, tomando cuidado para utilização de produtos com cheiros (perfumes)
fortes.
Alguns países que importam carnes e peixes
costumam solicitar o uso de determinados produtos para a limpeza fins evitar
proliferação de bactérias.
Limpeza de contêineres frigoríficos:
recomenda-se o mesmo procedimento, dando maior ênfase para o piso dos contêineres
onde é maior a retenção de resíduos de cargas entre as canaletas do piso.
Por ser de alumínio a limpeza é mais fácil,
principalmente pelas paredes serem em chapas lisas.
3.1
- SISTEMA DE ARREFECIMENTO:
Como produtos vão ser transportados por
vários dias é necessário que medidas de pré-arrefecimento sejam tomadas para
permitir que os alimentos sejam conservados a temperaturas ideais
(estabilizadas) de refrigeração pelo tempo necessário, e para isto é importante
que tenhamos 2 fases;
1ª) MANUTENÇÃO
SANITÁRIA (Pre-stuffing sanitation) - é necessário que seja feita
uma limpeza adequada para retirada de resíduos de cargas anteriores,
desobstruídos canaletas e drenos, e deixar o container sem odor, tudo isto deve
ser uma prática usual de qualquer depot, para que quando for entregue ao exportador
o container não apresente nenhuma evidência que possa trazer motivos para a não
aceitação.
2ª) PRÉ-RESFRIAMENTO
(Pre-cooling) - é essencial para remover o calor do produto antes do
armazenamento e transporte, onde toda carga deve sempre ser pré-resfriada na
temperatura que deverá ocorrer durante o transporte, onde o objetivo é manter a
qualidade evitando deterioração. Um dos objetivos também deste sistema é evitar
ou assegurar que não haja crescimento ou proliferação de micro-organismos.
Não podemos esquecer que contêineres
frigoríficos são equipamentos para manter a temperatura do produto, e não para
aumentar ou diminuir a temperatura.
É muito importante que o carregamento do
container ocorra em instalações adequadas, onde haja um isolamento do ar quente
e umidade externa penetre no container durante a operação de armazenamento. O
ideal é que trabalhe num ambiente onde a temperatura da carga e ambiente seja
igual, por isso recomenda-se que o container já tenha passado por um
pré-arrefecimento. Quanto menos calor for evitado na entrada do container,
menor formação de gelo vai ocorrer, menor condensação, o que evitará
descongelamento frequente, e prejudicando a capacidade de arrefecimento.
3.2
- EMBARQUES DE PRODUTOS COM TEMPERATURAS
DIFERENTES NA MESMA UNIDADE
A
prática nos ensina que este tipo de procedimento deve ser evitado, cargas
misturadas em temperaturas pré-arrefecidas em condições diferentes é motivo
para adiantar ou acelerar o processo de maturação e perdimento.
4
- VISTORIAS E TESTES
4.1
- CONTAINERS REFRIGERADOS (Reefers):
Recomenda-se que o container seja passado por
um processo de checagem - PRE-TRIP ISPECTION, onde são efetuadas vistorias
visuais para verificar alguma evidência de avaria nos equipamentos tais como
sistema de drenagem, evaporador, compressor, condensador, etc.; inspeção para
verificação de vazamentos de líquidos e níveis de óleo; vistorias na parte
elétrica principalmente nos terminais, transformadores, disjuntores,
indicadores de temperatura, cabos de ligação para 220, 380, 440 V; verificação
de barulhos com vibrações dos ventiladores e sistema mecânico; os extratores ou
dispositivos renovadores de ar devem ser verificados para verificarem se a
abertura e fechamento estão operativos, se o equipamento automático de monitoramento
digital e computadorizado encontra-se funcionando adequadamente.
4.2
- PORÕES E CÂMARAS FRIGORÍFICAS:
Recomenda-se verificar se todas as anteparas
e pisos estão livres de detritos para evitar que interrompem a circulação do
ar, estrados danificados (quebrados) devem ser reparados, verificar vazamentos
de salmoura na rede de serpentinas, avarias nos dutos de ventilação, se os
ventiladores não apresentam vibração ou ruídos, checar todas as saídas de ar
(exaustores) se estão com fechamento garantido, sejam tampas ou cogumelos se
estão com fechamento correto sem passagem de ar, se o sistema de gás (freon
usado na maioria) encontra-se com vazamento na linha do compressor, se os
equipamentos de monitorização (informatizado ou manual) estão em perfeitas
condições de uso, se o sistema de bombeamento de líquidos das dalas e pocetos
está funcionando adequadamente.
5
- CUIDADOS NO TRANSPORTE DE CARGAS REFRIGERADAS
Navios frigoríficos, conhecidos como navios
reefers, são navios que possuem espaços refrigerados para o transporte de
produtos perecíveis, como alimentos, e que necessitam que a temperatura de
transporte seja aplicada corretamente para prolongar a sua vida útil, tenha
condições de controlar a umidade no interior, possam fazer trocas do CO2 e
outros gases que podem deteriorar os produtos, sempre mantendo um ar fresco
através de um sistema de ventilação.
As frutas normalmente sofrem processo de
maturação, a compatibilidade da temperatura de transporte, e a atmosfera com
gases pode apodrecer (deterioração) as mesmas, tendo como a umidade relativa um
item de grande responsabilidade no controle.
Normalmente as cargas refrigeradas são
embaladas em caixas de papelão, sendo que as frutas possuem abertura para
penetração do ar frio, e devem ser arrumadas de forma que o fluxo de ar
circula-as.
As câmaras frigoríficas e os contêineres possuem
internamente em suas anteparas materiais de isolamento (cortiça, lã de vidro,
poliuretano etc.) , no sentido de proteger contra a temperatura de diferentes
condições de aquecimento, sejam por sol, mar, tanques, etc.
6 - TEMPERATURAS
DE TRABALHO
As câmaras frigoríficas e contêineres são
apropriados para terem suas temperaturas ajustadas para cada produto, cuja
variação em container é de -30ºC a + 30ºC em navios dependerá do tipo e classe.
O transporte de produtos perecíveis muitas
vezes é solicitado temperatura diferente da média que se aplica no mercado,
para ilustrar este trabalho apresenta abaixo algumas tabelas.
As temperaturas de trabalho devem obedecer ao
informado pelos exportadores, através de cartas de instruções.
Existem na internet diversas tabelas para
consulta, mas entendo que podem ocorrer informações erradas, desta forma sempre
é bom consultar o exportador.
7 - CUIDADOS
COM A ESTIVAGEM
Nos porões deve ser evitada a estivagem junto
com as serpentinas e nos contêineres respeitando que a última camada não exceda
a linha vermelha - altura limite para empilhamento - para efeitos de
recirculação do ar e arejamento da carga.
7.1 - EXPECTATIVAS
DE VIDA ÚTIL - PRODUCT SHELF LIFE (PSL) - é o prazo de validade
quando armazenado nas condições recomendadas, ou seja, é a duração do tempo
permitido de um produto no seu armazenamento em ambiente refrigerado sem se
tornar inadequado para utilização ou consumo.
Esta informação é importante para saber se o
tempo da viagem não vai extrapolar o PSL, por isso recomenda-se fazer uma
consulta ao exportador.
7.2 - NÍVEIS
DE GASES - são importante saber dos percentuais limítrofes do O2,
CO2, umidade e etileno, para evitar a maturação de cargas refrigeradas, como
frutas, legumes etc., inclusive saber o número de trocas que o container deve
ficar programado para fazer a recirculação da atmosfera.
8
- ALGUMAS FALHAS & ERROS QUE OCORREM NO
ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE CARGAS REFRIGERADAS
1º)
Porões e contêineres desligados por longos períodos, como exemplo temos os
famosos rodízios que ocorrem para atender sobrecarga de motores ou fontes de
energia;
2º)
Configurações de temperaturas inseridas erradas, causadas por informações
incorretas, através de instruções quanto à temperatura de transporte, como
exemplo a temperatura era 8ºC (fruta), ligam em -18º (carne).
3º)
Incapacidade do pessoal a bordo de corrigir falhas do sistema de refrigeração,
como exemplo não ter um tripulante capacitado para atender determinados
reparos;
4º)
Cargas embarcadas com temperaturas diferentes das cartas de transporte, como
exemplo registram no sistema uma temperatura diferente daquela que o exportador
informou como sendo a apropriada para o transporte;
5º)
Falta de sobressalente de determinada peça de motor, não existente no kit de
sobressalente existente a bordo;
6º)
Cargas mal arrumadas (bloqueio) impedindo o fluxo de ventilação;
7º)
Excesso de ventilação provocando gelo no evaporador;
8º)
Incorreta aplicação de intervalos de degelo (defrost), cuja configuração é
manual e programada;
9º)
Erro na programação da temperatura (set point) em vez de Celsius usar
Fahrenheit ou vice versa;
10º)
Confusão entre set point e temperatura da carga;
11º)
Falha no fechamento da porta, escotilhas, deixando ou ocorrendo fresta e consequente
perda de refrigeração;
12º)
Falta de refrigeração nos intervalos de estivagem, aguardando chegada de carga
para completar o lote;
13º)
Não aplicação contínua de temperatura, mudanças de posicionamento em
armazenamento de terminais;
14º)
Container furados ou rasgados durante operação de embarque;
15º)
Falha nos sensores de temperaturas;
16º)
Incapacidade de controlar adequadamente as temperaturas ou corrigir falhas de
registros;
17º)
Pré-resfriamento errado ou inadequado resfriamento;
18º)
Extrapolação da vida útil do produto;
19º)
Informação de condição de cheio para vazio, levando unidade para área de vazios
até ser descoberto o erro.
20º)
outros
9
- MEDIDAS DE CONTROLE DE TEMPERATURAS:
Qualquer carga antes de ser embarcada deve
ser verificada as suas condições e temperatura, controle este que pode ser
feito no cais, armazém ou no veículo transportador.
A 1ª instrução é tirar a PULP
TEMPERATURE, ou seja, a temperatura do interior da carga (TEMPERATUR
DA POLPA), que deve ser feita com termômetro de vareta ou espeto
(normalmente usado o digital), caso a carga não esteja em condições de
embarque, imediatamente deve comunicar aos responsáveis para decidir se
prosseguirá ou não no embarque. Pode ocorrer de ser favorável com restrições de
ficar separada, entretanto estas decisões devem ser reportadas em relatórios. O
transportador deverá ter ciência porque este tipo de carga requer maiores
controles de temperatura durante a viagem. Quando é feito o controle de
temperaturas de embarque, é necessário também que as condições meteorológicas
sejam reportadas tais como: temperatura do ar, situação do tempo (sol, céu
nublado, chuvoso, etc.)
O mesmo processo deve ser realizado no porto
da descarga do navio ou container.
PRE-COOLING PERIOD (PRÉ-REFRIGERAÇÃO
DO COMPARTIMENTO): é a temperatura solicitada pelo embarcador, ao
responsável pela estivagem, no sentido de manter a câmara dentro de uma
temperatura desejada antes de embarcar a carga.
REDUCTION PERIOD (TEMPO DE
RESFRIAMENTO): é o tempo decorrido desde o momento que fecha o porão,
câmara frigorífica ou container até quando o ar de retorno no seu interior
atinge uma temperatura de cerca de 2º acima da temperatura do ar ingresso.
COOLING DOWN PERIOD (PERÍODO DE
REFRIGERAÇÃO FINAL): é o período decorrido desde o momento do
fechamento do compartimento até quando a temperatura do ar de retorno torna-se
equivalente à temperatura do ar ingresso expondo toda a carga à temperatura
recomendada pelo embarcador.
9. 1 - CONTROLE
DA ATMOSFERA: É o controle do interior do container, relacionado à vida
útil do produto, de forma que possa controlar, suspender ou retardar o processo
de maturação (ou deterioração), permitindo um alongamento do período permitido
sem comprometer a sua integridade com a redução do gás de etileno (gás de
amadurecimento).
9.1.1 - VENTILAÇÃO: é necessária
para retirar o calor, o CO2 (dióxido de carbono) e os gases produzidos pela
carga (Etileno), através da circulação (com ar fresco) permanente do ar
interno, de forma controlada evitando excessos que podem comprometer a
capacidade de refrigeração. Devem ser observadas as instruções do exportador
quanto à troca de atmosfera para cada tipo de fruta, legumes, etc.
9.1.2 - UMIDADE: é superimportante
o seu controle para evitar formação de desenvolvimento de fungos e bolor quando
ficar alta, ao contrário quando ficar baixa corre o risco do produto perder
peso e murchar.
9.1.3
- TEMPERATURA: é importante seguir as recomendações do exportador,
para evitar a maturação do produto.
9.2 - CONTROLE FITOSANITÁRIO: é o
controle que deve ser feito para exterminar insetos e larvas através de
aplicação de temperaturas estabelecidas pelos produtores e órgão de controles
de pragas, incluindo um pré-tratamento, pre-arrefecimento correto, uso de
embalagem correta, etc.
Hoje existem contêineres com tecnologia capaz
de fazer o controle de temperaturas, mudanças de temperaturas programadas,
mudanças de degelo, de forma automática com programação em software
especializado para reefers.
10
- REGRAS DE ESTIVAGEM EM PORÕES FRIGORÍFICOS
A estivagem de carga frigorificada deve ser
feita de modo que deixem um espaço de pelo menos 0,5 metros de espaço livre em
cima da carga para que seja feita uma ampla circulação de ar. Para manter a
temperatura o controle durante o embarque deverá ser feito com a circulação dos
ventiladores comandando suas velocidades. Ventilando evitará o acúmulo de CO2.
10.1 - EMBALAGENS:
Devem ser projetadas, fabricadas de modo que
os produtos sejam alimentados (receba circulação) de frio e evite maturação ou
deterioração no transporte.
Pelas condições de armazenamento em pilhas ou
paletizadas, elas dever ter uma estrutura capaz de suportar o manuseio, seja
manual ou com empilhadeiras, nos ambientes diversos, como exemplo armazéns,
container, porões, câmaras frigoríficas etc.
Por se tratar de transporte marítimo, ou
mesmo em outros modais como ferroviário, ou rodoviário, elas devem ser capazes
de suportarem pressões devidas à inércia de freadas, balanços do mar, etc.
10.2 - DISTRIBUIÇÕES DA CARGA
É recomendado o "block stowage", ou
seja, arrumação em um único bloco sólido, não deixando espaço entre as caixas e
paredes do container, o que vai causar o fluxo de ar seja direcionado para
cima.
Se a carga for homogênea, a distribuição deve
ser realizada da melhor forma possível sem interromper o fluxo de ar no
container, sempre tendo como limite a linha vermelha. Frutas e vegetais geram
calor, geram gases, desta forma é necessário que os produtos sejam arrumados em
bloco (se forem caixarias) ou empilhados em forma de bloco (se forem paletes),
de forma que os furos das embalagens fiquem alinhados para facilitar o acesso
do ar no interior das caixas, e que possa circular verticalmente em cada lado
de forma uniforme.
Não deve deixar espaços entre as caixas ou
paletes, bem como todo o piso do container deve ficar coberto.
Quando o formato da embalagem não permitir
uma distribuição uniforme, ficando um buraco, este buraco deve ficar
centralizado no container, havendo neste caso necessidade colocar uma proteção
podendo ser de madeira ou air bags.
No caso de estivagem a bordo em porões e
câmaras frigoríficas, é importante que sempre busque uma estivagem que atenda:
proteger o navio e a carga, aproveitar o máximo de espaço, facilitar a operação
de carga e descarga, e garantir a segurança da tripulação e estivadores. A
bordo pela altura ser superior ao container, deve sempre evitar colunas
desalinhadas que podem provocar o colapso da carga.
AIR BAGS: é uma bolsa de
ar ou almofada de ar, é um componente que pode ser de borracha ou papel,
enchido por ar comprimido ou bombas específicas para tal.
11
- FACILIDADES DE USO DO CONTAINER REEFER
O container reefer refrigerado pode trabalhar
em temperaturas entre -30ºC e +30ºC dependendo da necessidade de cada
produto armazenado. Vários produtos podem ser transportados, sendo que podemos
citar que em sua maioria são alimentos em geral como: Carnes e Derivados,
Aves, Peixes, Frutos do mar; Produtos lácteos; Sementes, Verduras,
legumes, Frutas, Poupa de frutas, Sorvetes; Produtos químicos e farmacêuticos,
Eletrônicos, Flores e plantas, Chocolates e doces, Bebidas, outros.
O container tem a facilidade de utilização de
ligação elétrica, pois possuem equipamentos de refrigeração modernos e
versáteis, podendo operar em 220 v, 380 v e 440 v.
Possui controle de temperatura digital
ficando à escolha do operador a regulagem que melhor atenda a sua necessidade,
podendo ser programado facilmente para manter a temperatura interna entre +
30ºC e -30ºC.
Além do transporte é muito comum a aplicação
de contêineres em fábrica, abatedouro, frigorífico, depósito, supermercados,
restaurantes, postos avançados ou até em seus distribuidores, que o
utilizam para a guarda de alimentos perecíveis.
12
- ALGUNS DEFEITOS QUE OS CONTAINERES APRESENTAM
- O container não liga - verificar o
acionamento do disjuntor, falta de suprimento de energia, cabo partido,
fusíveis queimados, relé térmico inoperante, etc.
- O container liga e desliga - pode ser
condensador bloqueado por formação de gelo, drenos entupidos por gelo, etc.
- Portas empenadas sem fechamento correto, ou
borracha com desgaste, endurecidas com marcas (permanent imprints), causam
entrada de ar quente e formam gelo no evaporador, reduzindo desempenho do
sistema de refrigeração, aumentando o número de degelos.
- Vibração ou empenamento das hélices dos
ventiladores devido ao tempo de uso, pode causar avarias, demora na circulação
do ar e prejudicar o funcionamento correto do evaporador, causando uma
menor substituição do ar frio do ambiente interno pelo ar quente e úmido do
ambiente externo.
13
- MEDIDAS DE SEGURANÇA
Cuidados devem se tomados para acessar locais
com refrigeração, pois respirando uma atmosfera fraca de oxigênio causa
inconsciência imediata e pode levar a morte, para evitar uma ampla ventilação é
necessária.
Em refrigeração no passado foram usados gases
refrigerantes no processo de resfriamento, gases estes que são incolores,
inodoros, tóxicos, como a amônia (NH3), cloreto de metil (CH3Cl), dióxido de
enxofre (SO2), o que causaram muitos acidentes em empresas industrias,
residenciais e a bordo, entretanto a partir de 1926 surgiram as combinações
(misturas) de gases, os famosos CFC (entre eles o R12) , mas vem sendo
contestados por causarem problemas para a camada de ozônio.
A amônia foi muito utilizada em navios
frigoríficos, mas é considerado de alto risco para a saúde, por ser corrosivo
para a pele, olhos e pulmões.
Hoje vem sendo utilizados gases refrigerantes
ecológicos, como o R 22 (Monoclorodifluorometano - mais conhecido com freon) e
o R134a que é menos poluente do que freon, que é o tetrafluoretano.
Pelo lado da segurança patrimonial os contêineres
devem dispor de dispositivos de segurança aduaneira (os famosos lacres), e deve
atender às condições técnicas de segurança previstas pela Legislação Nacional e
pelas Convenções Internacionais, que são ratificadas pelo Brasil.
14
- CONCLUSÃO
Qualquer sistema de refrigeração seja o
existente no navio ou em container reefer, os usuários devem sempre executar
manutenção mecânica e elétrica, de modo a manter a integridade do mesmo,
diagnosticar falhas e reparar os defeitos identificados nos equipamentos, no
intuito de prevenir ou corrigir problemas e aumentar a vida útil dos produtos,
inspecionarem os equipamentos e acompanhar os desgastes das peças, manterem uma
reposição das mesmas quando se fizer necessário, pois imprevistos acontecem,
não podemos esquecer que neste sistema de transporte, sempre estará sofrendo as
ações das intempéries do mar.
O conhecimento do funcionamento de um sistema
de refrigeração deve ser um fator primordial para aqueles que serão os
responsáveis para preservar a temperatura de cada alimento em viagem.
15
- BIBLIOGRAFIA
Trabalhos
Técnicos Pesquisados
Avaliação
de temperaturas em câmaras frigoríficas de transporte urbano de alimentos
resfriados e congelados, Vítor de Freitas Pereira; Eduardo Castello Branco
Doria; Bento da Costa Carvalho Júnior; Lincoln de Camargo Neves Filho; Vivaldo
Silveira Júnior.
Câmaras Frigoríficas - aplicação, tipos, cálculo da
carga térmica e boas práticas de utilização visando a racionalização da energia
elétrica, Alessandro da Silva.
Importância
da Cadeia de Frio na Segurança Alimentar de Produtos Congelados e Refrigerados, Daniela
Pereira
Artigos
do site (temas traduzidos): http://www.reefercargocare.com/cargo-operation.html
-
Características do integrado e contêineres reefer conair
-
Componentes do sistema automático de refrigeração
-
Cuidados de carga reefer - perguntas frequentes
-
Diferença entre refrigeração e sistema de ar condicionado
-
Estado de refrigerantes, solução de problemas e diagnóstico de contêineres
reefer.
-
Exigência de manutenção de contêineres reefer integrado
- Manipulação de carne congelada - Fatores de risco e prevenção de perdas
-
O transporte marítimo de carga refrigerada e mantê-los frescos
- Reefer carga prevenção e danos investigação-passos que você deve tomar
perda
-
Transporte de carga congelada ou refrigerada em contêineres reefer - Requisitos
de recheio
-
Anotações do autor durante sua experiência a bordo transportando reefers.
Olá, em relação ao shelf life, um gerador ozônio no interior do container seria possível, ele aumenta em muito dias a detoriação.
ResponderExcluirquanto a limpeza dos containers, desinfecção, como é feita?
Obrigado
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