segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

OPERAÇÃO E AVARIAS EM BOBINAS DE PAPEL

OPERAÇÃO E AVARIAS EM BOBINAS DE PAPEL

Introdução

Papel é um produto sensível, frágil e higroscópico, está contido na história da humanidade, descoberto na China, século II, ou seja, há cerca de 2000 anos, anunciada no ano de 150, mas sua origem mais remota é o papiro fabricado pelos Egípcios de uma planta nativa, cuja data de utilização remonta três milênios antes de Cristo.

A matéria prima do papel é a madeira em toras (em sua maioria o eucalipto), onde a casca é removida em um descascador, a madeira é picada em cavacos e estas aparas são preparadas para a dissolução com produtos químicos que libertam as fibras de celulose, que são dissolvidas formando uma polpa / massa.

A seguir a etapa é a preparação da massa, através da seleção e da remoção das impurezas da polpa, colocados em tanques que através de processo de movimentação vão fazendo a depuração e removendo partículas.
Através de processos de branqueamento vão formar diferentes pastas, e por processos mecânicos e químicos há a suspensão das fibras que são lançadas em uma tela em movimento, a massa passa a ser desidratadas por processos de rolos, malhas e caixas de sucção, e réguas e correias, fazendo que as fibras sejam sobrepostas transformadas em folha.
Nessa etapa a água é retirada, e ficando somente a celulose, onde são produzidas folhas homogêneas, e em faixas contínuas, obtendo resistência, suavidade, lisura da superfície, uniformidade e dimensionamento do papel através de processo com rolos de pressão, em seguida as irregularidades vão sendo corrigidas pela calandragem, e formatando a espessura do papel.
A seguir vem o processo de secamento por meio de cilindros aquecidos com vapor, e a posteriormente o papel é enrolado ou cortado em folhas para serem posteriormente transformado passando por rebobinamento, formando as bobinas, corte de acordo com a aplicação, e passando pelas embaladeiras para proteção com as capas. É um processo que requer tecnologia e know-how especializado. O nosso país tem grandes indústrias especializadas em fabricação de papel de reconhecimento internacional.

O papel que vamos demonstrar neste trabalho são aqueles que são fabricados e acondicionados em bobinas lineares. Como se vê acima o processo de transformação é árduo e requer muita especialização.

Estas bobinas ao serem manuseadas e transportadas podem ser avariadas pelo manuseio incorreto, por aplicação errada de equipamentos e pelas condições da temperatura no transporte.

Tipos de aplicação dos papeis

Podemos dividir os papéis nas seguintes categorias de empregabilidade: Impressão (diversos modelos como A4); embalagens / Kraft (proteção e embrulho de objetos e mercadorias); escrita de cadernos escolares/contabilidade/apostilas/boletos bancários, etc.; trabalhos de arte e artesanais; especiais como fabricação de papel higiênico, toalhas, cigarros; jornais; couchê para revistas / catálogos / livros e folhetos de publicidades como banners, folders, que necessitam de brilhos e fosco; papel cartão para impressão e embalagens; etc.
Portanto há um grande número de diferentes tipos de papel que são produzidos por diferentes tipos de pasta de celulose, e por diversos tipos de tratamento, que vão dimensionar resistência a umidade, polimento, revestimento e aplicação.
Para exemplificar abaixo uma tabela com valores médios mais conhecidos no mercado, com tipos de papel e suas especificações (podem ocorrer que fabricantes tenham outras especificações).

Características da bobina

Tipo de papel



Jornal (offset)
Couchê
(Revistas, livros, folhetos, cartazes)
Tissue
(higiene: guardanapo, papel higiênico, toalha, lenço)
Papelão ou Cartão (cardboard)
Peso
De 500 a 1000 Kg
7000 Kg
5000 Kg
6000 kg
Altura
800,1200, 1600 mm
4600 mm
2000 mm
3600 mm
Diâmetro
1300 mm
1300 mm
2500 mm
2000 mm

Peso (g/m²)
45 a 56
75 a 90
15 a 25
180 a 300

O papel cartão (Paper board) difere do papelão (Card board) por ser apresentado em diferentes cores, utilizado para fabricação e embalagens tipos barricas que servem para embalar produtos líquidos ou sólidos, pois normalmente é constituído por uma resina de poliuretano, e é mais difícil de ser fabricado e, por conseguinte é mais caro.
O papelão por ser mais fácil de ser fabricado apresenta camadas de papel texturizado ou corrugado, por ser mais resistente normalmente é utilizado para fabricação de embalagens de transporte de produtos, como exemplo gêneros alimentícios, brinquedos, mudanças, etc.

Inspeção durante operação com bobinas

Por ser um produto de valor significante, principalmente o papel couchê, é necessário que estes embarques e descargas, que ocorrem diretamente de um porão de navio ou de um container, sejam inspecionados e avaliado se existem avarias.
Recomenda-se que tal inspeção ocorra antes do embarque e após a descarga em cada bobina, e anotadas todas as avarias encontradas. Além das avarias o referencial de cada bobina como lote, numeração, fabricante, dimensões devem ser obtidas para futuro relatório.



No caso de armazenamento é necessário incluir estas inspeções também no recebimento e entrega nos armazéns ou terminais de carga.
Nesta inspeção devem ser classificados cada tipo de avaria e sua extensão apurada, onde devem ser separadas por marcas, lotes e tamanhos. Deve ser assinado o recibo de entrega (Mate’s Receipt) após a verificação dessas avarias e apresentação de um laudo pelo inspetor (Surveyor).
O comandante ou motorista que vai transportar deve sempre ser notificado dessas avarias no embarque, fins evitar contratempos e disputas na entrega ou após descarga.
Uma inspeção de avarias é um trabalho árduo, pois cada unidade deve ser verificada, tiradas dimensões das avarias e calculada a sua perda, sendo um tipo de trabalho que requer atenção acima de tudo, e a técnica de cálculos para apuração da perda do papel.

Formação da bobina

O papel é enrolado em um tubete (1-core) de papelão de grande formando o núcleo, de grande resistência formando o ponto de início do enrolamento, o corpo (2-body), o lado ou superfície/massa (3-side/belly), a borda (4-edge), o final (end) que é envolto por uma embalagem / revestimento (5-wrapper) que pode ser de papel, papelão, plástico, etc.





Tipos de avarias

Em regra geral temos a seguinte classificação:

a)   Embalagem rasgada ou furada (wrapper torn / hole);


b)  Borda amassada ou rasgada (edge dented / torn);


c)    Corpo ou face lateral amassado / rasgado / furado (body / side – dented / torn / hole);


d)  Tubete ou tubo amassado (core crushing / dented);


e)   Massa/superfície abaulada (belly damage);



f)     Molhadura / contaminação (water / contamination damage).
g)   Camadas desalinhadas / deformadas (out-of-roundness / deformation);



h)  Superfície amassada / rasgada / furada (end – dented / torn/ hole)


i)      Telescopicidade (telescopic)



j)      Ovalizado (ovality)


Determinação e avaliação de avarias

Para se determinar ou verificar uma avaria através de uma vistoria visual, são necessárias algumas regras básicas, onde são necessários alguns anos de estudos, para obter uma experiência, vejamos algumas:

1º) Utilizar uma régua metálica e paquímetro para determinar a profundidade da avaria no corpo ou superfície da bobina, onde introduzindo verifica a extensão no local que esteja rasgado ou amassado. No caso de formar uma barriga utiliza-se uma régua/ripa de madeira posicionando sob as partes intactas e mede com a régua. Não existindo régua ou ripa duas pessoas esticam uma trena metálica sobre estas pontas intactas e o vistoriador tira a profundidade.




2º) Observar se a ponta do tubete esteja fora do alinhamento do corpo de papel (telescopiado), ou mesmo esteja amassado.  Este tipo de avaria é grave, pois evita que a bobina entre na rebobinadeira (máquina que faz o enrolamento do papel a parti do tubete).  Nesse caso para depreciação, dependendo do recebedor, considera-se como perda total, aplicando um valor de apara de papel (papel para outro tipo de utilização como papel para embrulho).

3º) O canto da bobina estando amassada leva-se em conta toda a camada que esteja avariada.

4º) O papel por ser higroscópico havendo molhadura por água ou outro produto fica manchado ou enrugado. Muitas vezes não se percebe a molhadura pela diferença de umidades entre os portos de carga-descarga, ou seja, carrega em clima frio e destina a clima quente, logo haverá suamento do porão ou container, portanto haverá alteração do papel.

5º) A embalagem muitas vezes encontra-se com vestígios que sofreu uma avaria mecânica, seja por equipamento impróprio ou tombo de um vacum clamps, etc. nesse caso a inspeção somente poderá ser realizada in loco ao abrir a embalagem.

6º) A telescopicidade (camadas deslocadas radialmente) de uma bobina de papel é diferente de uma bobina de aço, que pode ser corrigida através de equipamento corretor em seu eixo horizontal ou vertical, ou seja, um dispositivo que pressiona por dois discos e reduz o defeito da telescopicidade a níveis aceitáveis e possibilitando o seu posicionamento na rebobinadeira. O papel pela fragilidade ao pressionar acaba desalinhando as camadas, amassando o tubete devido espessura, aspereza e coeficiente de atrito do papel, o que pode causar aumento dos graus das avarias nas camadas.

7º) Ocorre que muitas vezes devido ao posicionamento vertical havendo força / pressão para baixo haja a derrapagem das camadas de papel, formando o desalinhamento da borda, o que pode ser facilitado pelo teor de umidade e espessura do papel, nesse caso desalinhando as camadas telescopicidade nas camadas. Estas avarias são comprometedoras para o posicionamento e operação das máquinas de impressoras rotativas, que pode causar uma tensão uniforme comprometendo a impressão com distorções ou rasgando o papel.

8º) O vistoriador deve também estar munido de um estilete / faca e rolo de fita crepe, porque muitas vezes quando há suspeita de avarias e não são visíveis, a capa / embalagem deve ser rasgada para a verificação correta, e após consertada como se fosse um curativo.
No relatório a ser apresentado quando houver suspeitas de avarias, e não houver tempo para abrir a capa, deve-se marcar as bobinas com uma caneta esferográfica (evitar pincel atômico, marcador permanente de CD, caneta para retroprojetor) e anotar a numeração da bobina para futura vistoria particular nas dependências do recebedor.

9º) Quando se tratar de avaria na superfície, a área de comprometimento formará um anel que precisa ser calculado tirando os dois raios (menor e maior) do rasgo ou amassamento, e para isto utiliza-se de uma régua ou trena metálica. Com estes raios são feitos cálculos para determinar a perda de papel.



Como ocorrem as avarias

Existe hoje no mercado uma diversidade de equipamentos de manipulação de bobinas de papel, entre eles podemos citar:
Empilhadeiras com garfos telescópicos, garras basculantes, garras giratórias, adaptadores com garras de encaixe em garfos de empilhadeiras, empilhadeiras com garras com garfos giratórios, com posicionadores de garfos redondos, com posicionadores de inversores de bobinas, empilhadeiras com adaptadores de garfos de tarugos, ou mesmo para embarque direto através de garras (flexible lift truck) de encaixe ou com plugs (rigid lift truck), etc.
Por ser um material sensível e frágil, alguns cuidados são, levados em conta nas fábricas, como regulagem da pressão das garras (clamps) das empilhadeiras de manipulação de bobinas de papel (paper handling forklift), utilização de empilhadeiras com manipuladores telescópicos (telescopic forklift) de bobinas, para cada tipo de tubete de bobina, e no armazenamento normalmente opera na estocagem deixando correto espaço para a passagem das garras (clamps), posicionando em estacas bobina-sob-bobina observando as alturas limites (calculados para cada tipo específico de bobina) e obstáculos da estrutura dos tetos, mas durante a saída das fábricas estes cuidados normalmente são negligenciados.
A bordo e em terminais nem sempre estes cuidados são observados causando avarias mecânicas, tais como pressão, impacto e fricção.
Muito utilizado modernamente manipuladores de eixo horizontal ou vertical para bobinas menos pesadas, com garras de cargas operadas mecanicamente, magneticamente ou por sistema pneumático, individualmente por um operador treinado como se fosse um controle remoto ou vídeo games.
Muitas avarias ocorrem durante o transporte quando não são usadas empilhadeiras apropriadas e durante o embarque utilizado incorretamente os core probes (são tubos expansores) que são colocados dentro do tubete da bobina, que se expandem mecanicamente após encaixe por pressão, e pelo uso de empilhadeiras impróprias.
Os core probes são fixados por alavancas, correntes em frames (spreader) que transportam diversas bobinas, dependendo do tamanho do equipamento.
Não é muito comum, mas embarcam e manipulam bobinas com laços (slings) de material sintético, o que se torna de alto risco em tombamentos, ou mesmo de amassamento de tubete, deformação na superfície por pressão desigual, etc.
Modernamente navios especializados como os do tipo “open hatch” que são navios especializados em transporte de produtos de celulose, são os mais que usam os core probes que são tarugos / expansores tipo sondas, que, quando colocado no centro oco do tubo de uma bobina de papel, se expandem para seu encaixe dentro do tubete, permitindo o içamento. São também utilizados também outro equipamento denominado vacum clamps que são dispositivos circulares que são pressionados por vácuo. Nesses tipos de equipamentos se não estiverem calibrados podem ocorrer soltura durante a manipulação e causando colapso o que geralmente gera perda total.
Outro tipo de avaria ocorre quando fazem escoramento utilizando tabuado de madeira, onde pontas de prego podem causar furos, que numa inspeção não são fáceis de serem percebidos, mas que posicionados em uma máquina de impressão de um jornal pode colocar todo o trabalho em vão.

Como calcular a perda devido a avaria

Uma bobina de papel é um cilindro reto, logo temos que aplicar as fórmulas da geometria espacial, o que é interessante o conhecimento para aquele que vai fazer a inspeção e entender  sua aplicação e calcular a perda de papel.
Trabalha-se com o volume total da bobina (massa) e o volume do tubete (core), onde vamos determinar os volumes da coroa circular de ambos.  Nessa diferença teremos realmente a massa de papel. Tomemos como exemplo o corpo total da bobina:










Volume da bobina (Vb) – volume do tubete (Vt)= volume do papel (Vp)
Vp = Vb – Vt (volume do cilindro da bobina – volume do cilindro do tubete)
Vp = HR² - ∏hr² sendo que H=h
Vp = π h(R²-r²) (volume do cilindro oco) é o volume de papel
 






Com base nestas informações vamos determinar as duas situações que poderemos encontrar:
a) Volume da coroa circular para avarias no corpo da bobina, ou seja, determinar as avarias na área da coroa circular:
      


Área da bobina:
Área do tubete:
Áreas da massa de papel (coroa circular)> Amp: (R²-r²)
A área da massa do papel é a área do anel formado pelos dois raios.
Volume da coroa circular: Vp: Amp x H
Vp: (R² - r²) x H
Amp x H = Vp
Vp: 2 [ (R+r)/2 ] [R-r] x H
Vp: 2 H [ (R+r)/2] [R-r] (fórmula para obter o volume do anel.

Vamos ver um exemplo para o bom entendimento:
Uma bobina sofreu um afundamento nas circunferências de raios 30 até 35 cm, sendo que o core tem o diâmetro de 10 cm e o diâmetro da bobina é 102 cm, e o seu comprimento 180 cm calcular a perda de papel.
 





Área da bobina: R² = 51²
Área do core: r² =
1°) Fazendo o cálculo obtendo cada coroa circular, e deduzindo para encontrar o anel.
Área da coroa maior: (r+35)²: 40²
Área da coroa menor: (r+30)²: 35²
Área da coroa concêntrica: (40² - 35²): 1600 – 1225: 3,14 x 375 : 1177.5 cm²
Volume da coroa concêntrica: S x H : 1.177,50 x 180: 211.950 cm³
2º) Aplicação da fórmula direto para obter o volume do anel.
Vp: 2 H [ (R+r)/2] [R-r]
Vp: 2 x 3,14 x 180 [(40+35)/2][40-35]
Vp: 2 x 3,14 x 180 [75/2] [5]
Vp: 2 x 3,14 x 180 x 37,5 x 5: 211950 cm³

b) A avaria é na lateral causada na borda da bobina para dentro.
Volume do anel na extremidade: volume da coroa circular / volume total do papel.



   
Vejamos um exemplo: se durante uma operação o garfo da empilhadeira furou a bobina em 5 cm de profundidade na sua lateral. Sabendo que a bobina tem 102 cm de diâmetro e 180 cm de comprimento, e o seu core tem 10 cm de diâmetro. Qual a perda de papel?

Volume da bobina: (R² - r²) x H
Vp: ∏ x 180 (51²-5²) : 3,14 x 180 (2601-25): 1455955.2
Raio da coroa> R1: 51-5: 46  
Vc: x 180 (46²-5²): 3.14 x 180 (2116-25):    1181833.2
Volume do anel: Vp-Vc: 274122 cm³    
Ou entrando na fórmula:
Volume da bobina (circular): (R² - r² ) x H
Volume da área sem avaria:           (R1² - r²) X H
Volume do anel: H [(R²-r²) – (R1² - r²)]
Va: 3,14 x 180[(2601-25) – (2116-25)]:
Va: 3,14 x 180 [(2576) - (2091)]
Va: 565,20 x 485 : 274122 cm³

Cálculo da Perda em Percentual %

Quando quer ter um valor aproximado para fins de cálculo utiliza-se uma semicircunferência que apresenta percentual, no caso de uma bobina com 1000 mm de diâmetro que veremos no seguimento deste trabalho, mas no caso utilizamos a fórmula abaixo:



Perda (dano) de papel (P): Volume da coroa circular (Vcc)
                                                      Volume total papel (Vp)
Vcc: 2H [ (R+R2)/2 ] (R-R2)
Vp: H (R²-r²)
P: {2H [(R+R2)/2] (R-R2)} / 2 (R²-r²)
Simplificando no numerador da fórmula 2 com 2 da fração e H com no denominador H; e
Considerando que R2: R-h; D: 2R; d: 2r, substituindo teremos:
P: [(R+R2)(R-R2)] / R²-r²
P: (R+R-h) [r-(R-h)] / R² - r²
P: (2R – h) (R-R+h) / R²-r²
P: (D-h) (h) / [(D/2)² - (d/2)²
P: h (D-h) / (D²/4) – (d²/4)
P: h(D-h) / ¼ (D²-d²)
P: 4.h (D-h) / D²-d² x 100%
P: 400.h (D-h) / D²-d²
Com o mesmo exemplo acima vamos determinar o percentual de perda que corresponde ao volume de 274122 cm³
P: 400.5 (102-5) / 102² - 10²
P: 2000 . 97 / 10404-100
P: 194000 / 10304
P: 18,83 %



Comparando o resultado encontrado pela fórmula 18,83% e pela tabela 19,20% nota-se que é uma aproximação 0.37%, valor não muito significativo, que se absolve pela embalagem.

Cuidados no manuseio, armazenamento e transporte

A prevenção de avarias nas bobinas de papel durante o manuseio, armazenamento e transporte sempre será uma questão de suma importância para a indústria de papel e celulose, perda significa prejuízo. No momento que a sustentabilidade tem sido o foco, quando se fala em papel, todos os esforços são evitar o seu uso, utilizando da informática e internet para a comunicação de um modo geral.
O papel jornal é um papel usado para impressão offset por isso deve possuir capacidade de impressão boa, resistente a desgaste, opaco, baixa umidade e ter boa reciclabilidade. A sua embalagem normalmente é feita com papel kraft, e em algumas situações com material impermeável para proteger contra umidade de condensação, chuva, neve e água do mar.
Normalmente se usa papel laminado ou stretch para proteger a bobina quanto à umidade. Modernamente as embalagens tem sido de papel kraft laminado ou polietileno, que além de apresentarem um bom grau de atrito protegem contra pequenos impactos e umidade.
Avarias como telescopicidade, ovalização e camadas desalinhadas são consideradas avarias graves, pois deverá haver o rebobinamento que custa caro.
Cuidados devem ser dados durante travessias de clima frio para clima quente, onde na prática considera como temperatura favorável para o transporte até cerca de 25° C e umidade relativa em torno de 65%. Em casos de embarques em temperaturas baixas (inverno) e descargas em temperaturas altas (verão) cuidado com a ventilação deve ser levada em conta. Se o papel jornal molha torna-se impróprio para a impressão. Em porões de navios sempre há ventiladores mecânicos ou cachimbos que podem controlar a umidade, entretanto em containers é impossível de manter a temperatura ambiente, sem condições de evitar uma condensação, ou seja, quando a temperatura exterior for inferior ao ponto de condensação do ar no interior, o que causa o suamento. Outro aspecto é que o container viaja lacrado ao contrário do porão que tem agulheiro e tampa de escotilha, e pode ser providenciada uma ventilação mecânica.
Outro fator de risco durante a manipulação é relativo a pressão, fricção e impacto, o que pode causar sérias avarias, necessitando de rebobinamento e cortes. Há a depreciação, pois o mesmo tem aplicação para fabricação de sacos, papel embrulho, forrações, etc. O papel que sofreu avarias pode ser aproveitado em outras aplicações.
Manchas e odores são fatores que prejudicam a qualidade do papel por isso devem ser evitados rolos dessa natureza, e ou mesmo anotado nos Mate’s Receipt, quando não puder quebrar o lote, por questões contratuais.
A avaria mecânica mais preocupante é quanto a distorção das camadas o que pode causar no impedimento de entrada em máquinas e tensão não uniforme durante a operação de desenrolar, podendo levar a ruptura.
Outro aspecto quanto a molhadura ou umidade é a questão do inchaço, por ser higroscópico, o papel aumenta de volume, por isso uma inspeção no embarque é fundamental para verificar se os rolos não estão com camadas de gelo, neve, etc.
Quanto a estivagem, cuidados devem ser observados quanto à limpeza do compartimento, seja um porão ou container, observando irregularidade no piso quando utilizado madeira, o mais aceitável é o compensado forrado com papel kraft. Cuidados com cercas de tábuas e pregos é uma regra geral.
Quanto a estivagem temos dois métodos horizontalmente e verticalmente, em regra geral os navios porta celulose operam em sua maioria na vertical, por isso e importante que os rolos estejam alinhados evitando pressão sobre a bordas.

Considerações finais

Procurei escrever este trabalho por solicitação de um amigo que trabalha como vistoriador, que não tinha a experiência com carga de bobinas de papel. Procurei descrever da melhor forma possível para deixá-lo compreensível. É um assunto vasto, cuja experiência se adquire em muitos anos de trabalho, efetuando vistorias e transportando nas mais diversas adversidades do mar, mas espero ter contribuído para o seu aprendizado e nova investidura nessa área de vistoria de papel.

Referências bibliográficas

Os sites abaixo foram visitados para leituras e compreensão desta matéria tão importante.




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