terça-feira, 12 de janeiro de 2016

ATAQUE CIBERNÉTICO A BORDO DE EMBARCAÇÕES

ATAQUE CIBERNÉTICO A BORDO DE EMBARCAÇÕES

Segundo a publicação de julho de 2014, da empresa Marsh, intitulado “The Risk of Cyber-Attack to The Maritime Sector”, até o ano de 2010 os ataques cibernéticos eram direcionados para obter dados pessoais e financeiros, hoje em dia são ataques com hackers qualificados que buscam infringir danos à propriedade, alteração de sistemas de navegação e de propulsão, movimentação de cargas e rastreamento de contêineres.

Um exemplo da gravidade de um ataque cibernético, nesta publicação é citado um exemplo de extremo alcance de alerta serve para orientação, vejamos: se um navio transitando pelo Canal do Panamá resulta em um acidente e bloqueia o tráfego, imagina o impacto econômico que vai causar em todo o sistema global de transporte marítimo.

Ao redor do mundo temos diversas pontes cruzando canais de acesso aos portos, imaginemos que um AIS ou Radar dá uma informação falsa para um navio que navega debaixo de um nevoeiro, e derruba a ponte, será uma calamidade que dificilmente poderemos calcular os prejuízos.

Com a evolução da navegação por satélite, os alvos dos hackers ou quadrilhas criminosas organizadas com conhecimentos em cibernética, têm atuado nos meios de transportes que passaram a serem os alvos, dessa forma os aviões, navios e trens, que atualmente estão operando na rede internet, tem seus sistemas ameaçados.

Estarei focado neste trabalho para dar uma visão aos Oficiais de Náuticas ou Marinheiros sobre os riscos de um ataque cibernético, onde tentarei neste trabalho clamar para a importância da prevenção no seguimento da navegação marítima, aonde hoje em dia nos bancos escolares de formação profissional ainda não vem sendo implantadas disciplinas de prevenção a ataques cibernéticos.

Os “crimes cibernéticos” (cyber crime) vêm se tornando crescente segundo a mídia internacional, e a preocupação dos organismos internacionais vem sendo a grande preocupação pela segurança cibernética.

Temos evidências de ataques para sequestrar, desviar ou roubar cargas de terminais, além do poder de causar avarias desastrosas em pátios de terminais ou durante operações a bordo, caso sem controle da mão humana - guindasteiro, um container destrava de um “portainer” ou “reachstacker” através de um “imput” de um hacker.

Os riscos virtuais foram incorporados na navegação marítima, isto é um fato.

Segundo o site “Maritime Security Review” recentemente a BIMCO elaborou um Manual de Orientação que serve de base para os comandantes e armadores, um grande avanço por parte desta Organização.
Com a implantação da rede de satélites e sistema GMDSS, que incorpora os principais equipamentos de segurança à navegações existentes a bordo que são ECDI (Electronic Chart Display and Information System), GPS (Global Positioning System), radar e VCR (Voyage Charter Report. – Caixa Preta da Embarcação), AIS (Automatic Identification System funciona como um radar) uma embarcação hoje está em risco, o que tem sido alvo para os hackers, o que poderá se tornar um perigo grandioso se for parar nas mãos dos piratas e organizações criminosas relacionadas com o terrorismo e contrabando.

O VCR armazena (gravadores de dados) os dados e informações importantes e valiosas de toda a derrota marítima, como por exemplo, a posição, rumo, velocidade, e outras informações da segurança da navegação, o que em um ataque poderiam ser alterados e dando origem a um grande acidente marítimo.
Existem relatos que o AIS se invadido pode fornecer informações falsas de emergência ou informações falsas de localização, o GPS se invadido pode enviar um sinal dando posicionamento falso da embarcação.

Resumindo os alvos-navios estando vulneráveis, haverá chances de sofrerem consequências gravíssimas.

Nos lares e escritórios hoje em dia, apesar da criptografia nem sempre estamos seguros sempre existem os famosos “vírus”, que nada mais é que um ataque cibernético.

Segundo especialistas em tecnologia da informação a invasão a bordo ocorre quando a placa mãe está conectada à rede internet, e desta forma é a oportunidade para instalarem o “malware” (é um software direcionado para se infiltrar na rede de computador de bordo de forma ilícita).

Essa invasão ocorre por meio de um vírus que pode ser um cavalo de Tróia, que é uma invasão que poderá causar algum dano, alteração ou roubo de informações ou causar interrupção nas operações de entregas de cargas causando o impacto sobre o "just in time" da economia global.

Segundo o artigo “Maritime Cyber Risk” do autor William Crews, publicado no dia 7 de janeiro de 2016 no site “Sea Focus” ocorreu um incidente na península coreana onde os sinais de GPS foram bloqueados causando consequências para cerca de 1000 navios e 250 aeronaves, fato este originado pela navegação através do GNSS (Global Navigation Satellite Systems), ou seja, quando navegavam pelo Sistema Global de Navegação por Satélite. O Sistema GPS de origem norte-americano hoje é o mais utilizado, mas temos o Sistema Glonass (Russo), Galileo (Europeu) e Compass (Chinês).

O que vem ocorrendo acredito ser da mesma forma que ocorre nos lares e escritórios, quando hackers tentam roubar informações do PC, como exemplo senhas de cartão de bancos, e outras informações salvas no PC, sendo que a bordo um dos alvos principais seria o VCR que contem todos os dados de bordo. Se a rede não estiver protegida por um “firewall” (software ou hardware capaz de ataques de vírus). Invadido o sistema de segurança, não conseguindo detectar ou bloquear automaticamente o vírus, com certeza o sistema operacional invadido ou infectado, seja por erro do usuário ou falha de segurança, como, por exemplo, um ECDI que é o sistema de cartas eletrônicas, invadido com um programa malicioso com certeza poderá ter informações alteradas como profundidade de uma rocha ou casco soçobrado, etc., alterado em seu posicionamento levando a uma colisão causando uma avaria no casco e até um afundamento.

Desta forma, a invasão do sistema operacional pelos hackers seria para pegar informações do seu computador de bordo, por diversão, passatempo ou danificar, e pelo visto conseguem explorando falhas nos softwares, entre elas as famosas “portas abertas” pelos programas para receber arquivos, onde criam programas que enganam estas portas e entram como “arquivos inofensivos”, mas acaba causando estragos em seu disco rígido, travando o PC, roubando senhas, apagando arquivos da derrota marítima, apagando imagens do radar, alterando leituras de posição do navio no mar, etc.

A bordo um dos riscos é invadirem um computador de um dos membros da tripulação e depois infectar o computador de bordo por ”malware”, utilizando um software malicioso em um “pen drive”, o que poderia causar um acidente, colocar vidas em perigo e causar danos patrimoniais às cargas e ao navio.

A gestão dos riscos cibernéticos marítimos hoje é uma preocupação internacional, os organismos internacionais tem buscado corrigir a vulnerabilidade que pode impactar a navegação marítima de forma que possam avaliar os riscos, implantar controles de segurança, e dar respostas rápidas e recuperação de dados e dar continuidade às viagens.

O que tenho notado que publicações como estas consultadas tem uma significância de maior importância nesse momento que se espera melhorias nas prevenções a bordo,  tenho que parabeniza-las por estas informações tão importantes.

Um navio sem equipamentos ou sem informações seguras, originado por ataques ou ameaças virtuais debaixo de um nevoeiro está colocando em risco vidas humanas, reputação negativa da empresa no cenário marítimo e perdas de patrimônio, bem como comprometimento do meio ambiente.

O importante que mecanismos sejam criados para proteger os navios contra ataques cibernéticos.

É importante que no transporte marítimo haja uma interação e compartilhamento entre armadores, operadores, brokers, sociedades classificadoras, seguradores, clubes de P and I, e agentes marítimos, é uma conjugação global de informações que devem atuar conjuntamente, atuando de forma que programas de proteção sejam padronizados e apresentados aos navios, bem como diretrizes sejam aplicadas em conformidades com recomendações e orientações das autoridades especializadas em crimes cibernéticos.

A conscientização sobre a divulgação de ataques é importante a meu ver, o medo pela reputação negativa que supera o desejo de compartilhamento de informações sobre ataques não pode existir, os especialistas e empresas de que trabalham criando “antivírus” precisam dessas informações para criar proteções.

Por outro lado a rede cibernética do transporte marítimo deve além de melhorar as práticas de segurança sobre vulnerabilidade, devem estar protegidos por legislações que tragam punições rigorosas a estes inimigos cibernéticos.

Modernamente a navegação eletrônica é dominante a bordo dos navios, a crescente gama de equipamentos vem sendo implantados e com isso aumenta as chances de ataques, por isso em primeiro lugar a conscientização da importância da prevenção aos ataques cibernéticos deve ser levada em conta, somada a necessidade de uma discussão mais ampla em torno da proteção que hoje os navios possuem, diretrizes deve ser criada conforme o sistema requer, dentro do cenário de ataques que vem ocorrendo.

O sistema GMDSS é um ponto fraco em minha opinião, pois entendo que se for introduzido involuntariamente um “pen drive” no computador do sistema facilmente terá a possibilidade de introduzir um software malicioso, como por exemplo, uma atualização de ECDI, é um momento de facilidade.

Não podemos esquecer que o transporte marítimo e indústria offshore estão passando por um desenvolvimento tecnológico gigantesco, a cada dia as embarcações estão dependentes de novas tecnologias para buscar melhor eficiência e melhorar a competitividade de um modo geral, por isso é importante que os organismos disciplinadores dos ensinamentos e treinamentos de marítimos, possam desenvolver a sua educação de forma que aperfeiçoem suas disciplinas para um maior alcance para o mundo cibernético conduzindo tripulações para um melhor aperfeiçoamento e capaz de lidar com ataques cibernéticos.

O que estamos vendo na prática que o nível de consciência sobre os perigos de ataques cibernéticos é baixo no setor marítimo a conscientização da importância da prevenção e proteção já deve ser considerado uma priorização, e que haja uma mudança cultural e organizacional frente ao avanço da tecnologia, implantação de medidas de controle dentro das empresas (ameaça interna), capacitação de suas tripulações e controle dos serviços terceirizados a bordo, como reparos (ameaça externa).

A importância de identificar e reconhecer os riscos, implantar mecanismos de proteção e controle são os requisitos básicos para uma nova cultura protecionista, e não se esquecendo da importância que venha acompanhado de monitoramento, melhoria contínua e divulgação e estatísticas dos ataques no cenário marítimo.

Por outro lado conscientizar os funcionários que estão em terra operando navios de que os riscos existem e devem ser policiados é de suma importância.
A segurança marítima hoje não pode ficar somente pautada nos procedimentos do SOLAS (Safety of Life at Sea) - Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar, é preciso que a segurança cibernética seja implantada contra ameaças, protegendo dados, evitando violação de sistemas a bordo, e dando segurança ao transporte marítimo.

Entendo que a navegação astronômica, não pode ser desprezada nos bancos escolares, deve ser considerada com medida de aperfeiçoamento para no caso da falha do sistema eletrônico o profissional do mar ter condições de sair do colapso e prosseguir na navegação.

Percebo que chegou o momento para que Organizações Internacionais, Armadores e demais entidades se voltem para a importância de treinamento e conscientização que as tripulações precisam mudar comportamentos para lidar com o sistema GNSS e operacionalidade do Sistema GMDSS, trata-se de um investimento necessário e importante para mitigar este risco que é crescente no cenário marítimo, pois quanto mais rápido corrigir e reconstituir um sistema infectado ou violado, melhor será a reconstrução e segurança da navegação.

SITES CONSULTADOS E RELATADOS ACIMA:


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