DPA - Designated Person
Ashore – Pessoa Designada em Terra
INTRODUÇÃO
O INTERNATIONAL SAFETY MANAGEMENT
CODE (ISM) definiu a Pessoa Designada em Terra (DPA) como o elo, porta-voz, entre
o Armador e o Navio, para assuntos relacionados ao Sistema de Gestão de Segurança.
Qualquer ocorrência em que o
Comandante precise comunicar assuntos de segurança e poluição com a empresa, será
através do DPA ou DP.
Para o entendimento desta função
e aplicação, serão formuladas perguntas e apresentando respostas que venho
observando nestes anos, desde que foi implantada esta nova função, de relevante
significação e responsabilidade.
Por que foi criado o Código ISM dentro da indústria marítima?
A partir do acidente do navio
Herald of Free Enterprise ocorrido em 1987 na saída de Zeebruge causando a
perda de 188 vidas humanas, a comunidade marítima internacional percebeu que haveria
a necessidade de criação de um Código.
O Código e seus conceitos transcorria
sob estudos, quando ocorreu outro grave acidente com o navio “Scandinavian
Star”, causados por um incêndio de grandes proporções, em abril de 1990,
causado 158 mortes, o que impulsionou a criação da Resolução A 680 em 1991 e,
em seguida, a famosa Resolução A 741, em 1993, que é considerado o nascimento
oficial do Código ISM.
Como foi criada esta função dentro da indústria marítima?
A necessidade de criação da função
de DPA foi partir deste acidente envolvendo o navio Herald of Free Enterprise,
cuja premissa seria ter uma pessoa designada para assegurar uma conexão
confiável entre a gestão e a tripulação, de forma que houvesse uma supervisão
das operações das embarcações.
A partir de então a função do DPA
foi criada e introduzida no Código ISM, sendo uma pessoa de importância numa
empresa armadora, e com vital projeção para que seja alcançada com sucesso a
gestão de segurança e na implantação da cultura dentro do estabelecido no
sistema implantado pelo ISM.
Criada o DPA finalmente foi
ratificado o ISM pela MSC, e finalmente implantado em 1993 pela ONU.
Em primeiro lugar esta pessoa que
vai atuar como DPA antes de tudo deverá ser influente, comunicativa e designada
para desempenhar dentro do organograma da empresa uma função de nível gerencial
elevado preferencialmente ligada à alta gestão.
Quem pode ou deve exercer a função de DPA?
Dentro do escopo que se espera em
termos de gestão de segurança, o DPA ou DP deve ser um profissional com qualificação
e formação marítima suficiente para desempenhar as funções, experiente e com
habilidades em operações de navios e construção naval, com know-how em matéria
de segurança e poluição, experiente nas tarefas e nas atividades a bordo,
conhecedor da Convenção SOLAS e Código ISM, bem como capacitado a gerir
política de segurança e de proteção ambiental.
Qual a função do DPA?
Deve atuar de forma independente,
e ter competência e autoridade para reportar deficiências que encontrar,
incluindo deficiências encontradas no mais alto nível da gestão, bem como
assegurar que as ações corretivas sejam executadas.
Ser capaz de garantir a implantar
e executar a manutenção do ISM nos escritórios dos armadores, e nas embarcações,
promovendo aconselhamentos em gestão de riscos e implantando uma cultura de
segurança e prevenção de poluição.
É importante observar que terá a
responsabilidade para executar auditoria interna antes da externa, que
normalmente é executada por uma Sociedade Classificadora.
Conduzir o processo para a
obtenção do Certificado ISM após executada a auditoria externa, que ocorra sem
nenhuma não conformidade, de forma que dará o direito à emissão ou renovação do
Certificado ISM.
Qual será o seu papel?
Monitorar todas as atividades
envolvendo segurança e prevenção da poluição de cada embarcação da empresa.
Mudar a mentalidade, atitudes e
comportamentos de todo o pessoal em terra propondo mudanças para melhorar
operacionalmente e com segurança o funcionamento do tráfego e operações das
embarcações nas diversas rotas, garantindo a operação segura de cada embarcação
e assegurar a ligação entre o Armador e o Staff de bordo.
Qual será a sua responsabilidade?
Atuar no sistema como elo
fundamental na cadeia de gestão de segurança, buscar apoio e os recursos para
alcançar as metas.
Implantar uma política de
segurança e proteção ambiental através de treinamentos, auditorias interna e gerenciamento
de riscos.
Gerar um sistema de comunicação
em que todos os navios recebam instruções e conduzam os treinamentos visando
melhorias, e evitando incidentes e acidentes.
Promover visitas para inspeções a
bordo, e checando se exercício de treinamentos vem sendo executados dentro dos
prazos especificados, colhendo relatos de tripulantes sobre o desempenho das
atividades de segurança, observando se está havendo familiarização dos
tripulantes com as diversas fainas de emergência e equipamentos de segurança,
se os equipamentos de segurança vêm tendo manutenção dentro dos organogramas
elaborados e previstos e de acordo como estabelecem os fabricantes e se testes
vem sendo realizados dentro de prazos previstos.
Qual será a qualidade dos serviços desta função requer?
A função sempre estará ligada a
presteza, estará lidando com mudanças e melhorias por isso acima de tudo o
controle do sistema de gestão de segurança deverá passar por um monitoramento
contínuo, sempre buscando avaliar através de resultados de auditorias e
vistorias.
Hierarquia de alta gestão a nível
financeiro para atender e solicitar pronta ação dos setores responsáveis pela
reposição de peças sobressalentes e solicitando que os atendimentos de reparos
de equipamentos seja executados nos portos e dentro do schedule, evitando que a
segurança seja negligenciada.
Qual será a ferramenta de controle?
Análise de resultados nas
elaborações de relatórios das auditorias e vistorias, análise das não
conformidades, análise de relatórios de acidentes, quase acidentes e das
ocorrências de incidentes.
Análise dos relatórios e
comentários dos Comandantes e Chefes de Máquinas.
Qual será o resultado almejado?
Implantação de medidas
preventivas e corretivas com o objetivo de evitar ocorrências potencialmente
perigosas, que poderão gerar incidentes, quase acidentes ou acidentes.
Receber recursos em tempo hábil
da alta gestão para que o DPA possa executar sua função e desempenhar o seu
papel de forma eficaz nas diversas áreas seja na contratação de tripulantes
qualificados, capacitados e treinados, recebimento de verbas para elaboração de
viagens para reuniões e auditorias, treinamentos e conduzir todos os processos
envolvendo esta função.
O que se vê na prática?
Os grandes armadores que possuem
frotas de navios normalmente tem o seu DPA, porem empresas menores a função
acaba sendo exercida e complementando a função de um gerente técnico ou
superintendente.
O que leva ao sucesso esta função?
Como explicado acima é uma função
que precisa comunicar, como dizia o saudoso Velho Guerreiro – Chacrinha, “Quem
não se comunica, se trumbica”, logo frente ao que a tecnologia disponibiliza
para o ser humano, que é o sistema GMDSS, traduzindo o sistema de comunicação
via satélite, com os diversos meios de comunicação como e-mails e telefonia
disponíveis, ferramentas que podem fazer transformações no dia-a-dia na gestão
e obter sucesso nesta empreitada de tratar a segurança com respeito.
CONCLUSÃO
A função de DPA é significativa
no transporte marítimo, vem sendo universalmente compreendida e necessita ser
aplicada em todas as empresas de comércio marítimo de forma a assegurar uma
conexão segura, confiável entre a administração armadora no seu mais alto nível
de gestão e o staff de bordo.
BILBLIOGRAFIA
DESIGNATED PERSON (DP)-Role, Responsibility
& Qualification requirements - Engineering Circular No. 101 OF 2008 – Eng/ISM/59(4)/97.
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