segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

TESTE DE NITRATO DE PRATA APLICADO NO EMBARQUE OU DESCARGA DE NAVIOS

 

Toda carga transportada em navios ou em containers estão susceptíveis de serem contaminadas por cloretos corrosivos se não houverem procedimentos durante o transporte, armazenamento, antes do embarque, no transporte e na descarga.

O teste de nitrato de prata é uma forma de verificar a presença de cloretos na carga, onde somente análises e testes químicos poderão comprovar realmente se há a contaminação pelo sal.

Produtos siderúrgicos como tarugos, chapas de aço, tubos, bobinas a quente,  fio-máquina, e outros produtos a quente, saem da fabricação, são armazenadas após a produção, e são transportados para terminais de cargas ou portos para armazéns externos dentro de caminhões ou trens abertos, ou estivados em galpões para cargas em trânsito, sendo que durante toda a logística siderúrgica-porto, estas cargas estarão sujeitas a passarem por intempéries, em todas as fases da logística, mas as reclamações de ferrugem ocorrem em sua maioria durante a operação de embarque ou descarga, quando o navio recebe a carga no porto de origem e o recebedor vai receber no destino.  Ocorre que o comprador lá no exterior compra um produto isento de vestígios de ferrugem, e quando chega no destino é surpreendido, e para evitar este contratempo contratual o recurso é fazer o teste de nitrato de prata por ocasião do embarque e descarga.

O que ocorre é que estes produtos siderúrgicos transitam ou ficam expostos ao ar marinho que ocorre nos terminais e portos sem proteção de cobertura, às vezes em pátios totalmente descobertos.

As maiores reclamações (claims) ocorrem pela molhadura ou umidade com água do mar, ou seja, uma exposição da carga, que pode ocorrer da tampa de escotilha estar dando passagem de borrifos de água, ou mesmo sendo ventilado para o interior do porão ar marinho.

É bom observar que as condições de limpeza dos porões é outra questão que deve ser alertada, pois resíduos de cargas contaminados por água salgada provenientes da lavagem (baldeação) dos porões, no caso de haver condensação dentro do porão, com certeza vai acabar contaminando uma carga que embarcou sem cloretos.

Ventilação para o interior do porão também é um agente negativo, pois vai aspirar o ar marinho e jogar para o interior do porão, o que poderá vir gerar gotejamento devido suamento da estrutura interna, logo gerando contaminação por cloretos.

Resultados positivos são regularmente utilizados para contestar as condições de transporte no navio, o que, como destacado acima, pode muito bem ser alegado de forma imprecisa e pode criar complicações desnecessárias durante as operações de descarga.

A presença de cloretos sobre produtos siderúrgicos pode ser verificado com o teste de nitrato de prata (AgNo3) - Chloride testing, que nada mais é um sal cristalino em forma de solução, ou seja, uma mistura de ácido nítrico e água destilada, sendo importante estar armazenado em frasco de vidro escuro e aplicado com tipo conta gotas.

Trata-se de um teste simples onde a pessoa irá pingar algumas gotas sobre a camada suspeita de ferrugem por água salgada, e em caso de reação ficando em cor leitosa, sendo que a avaliação pode ser negativa, limitada ou forte, o Vistoriador experiente saberá classificar.

Trata-se este teste de uma prova que poderá ser usada pelo Comandante para clausular o Recibo de Bordo (Mate’s Receipt), entretanto é bom frisar que este teste nos dará uma indicação da presença de cloretos, oriundos do mar.

Origem do cloreto, conforme acima, poderá ocorrer em todos os processos da logística, e o nível de cloreto somente poderá ser verificado em laboratório especializado, por isso, quem for fazer uma vistoria no embarque (Pre-Loading Survey) ou na descarga (Out-Turn Survey), não deve ser conclusivo em apontar que trata de cloreto ou grau de ferrugem, deve simplesmente mencionar que tal partida de produto siderúrgico apresentou reação positiva ao teste de nitrato de prata.

É importante comentar que caso seja contratado um Vistoriados (Surveyor) pelo Armador, Recebedor ou P&I Club, para fins de garantir uma maior segurança quanto ao transporte de navio, será fazer um teste nas tampas de escotilhas, quanto a questão de vedação das borrachas e se há presença de furos, o que pode ser feito durante o dia com a pessoa dentro verificando se há passagem de água ou borrifo, o que para isso e realizado o teste de água com mangueira (Hose Test).

Indicar uma contaminação na chegada ao destino, precisa ter uma prova segura, para isto, o hose test é importante.

O nitrato por ser um líquido sensível, é importante para indicar a qualidade de carga que será transportada, e evitar que surgem evidências adversas, pois muitas são as fontes por onde pode ter havido a contaminação, e uma vistoria no costado do navio antes do embarque realmente pode desclassificar qualquer reclamação futura.

É bom lembrar que uma vistoria na chegada, para garantir a segurança que não houve contaminação durante o transporte de navio, a meu ver deve ser feita porque do porto de descarga até a recepção numa siderúrgica ou fábrica o transporte se for realizado via estradas contendo sal para evitar acumulação de gelo também será um momento de contaminação no período de inverno em determinados portos no exterior, para isto é necessário uma logística para evitar contaminação.

Se não houver presença de cloreto na carga a solução aplicada permanece límpida e transparente.

Cloretos na fabricação final do produto siderúrgico é certo que compromete a qualidade, para isto é importante a vistoria para verificar presença de cloretos, e dar garantia às partes envolvidas no contrato de transporte caso seja necessário fazer alguma observação no conhecimento de embarque fins salvaguardar interesses das partes contratantes.

O cloreto de prata deve ser adquirido em casas especializadas onde a solução pode ser comprada especificamente para o teste.

 

 

 

 

 

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