Toda carga transportada em
navios ou em containers estão susceptíveis de serem contaminadas por cloretos
corrosivos se não houverem procedimentos durante o transporte, armazenamento, antes
do embarque, no transporte e na descarga.
O teste de nitrato de prata
é uma forma de verificar a presença de cloretos na carga, onde somente análises
e testes químicos poderão comprovar realmente se há a contaminação pelo sal.
Produtos siderúrgicos como
tarugos, chapas de aço, tubos, bobinas a quente, fio-máquina, e outros produtos a quente, saem
da fabricação, são armazenadas após a produção, e são transportados para
terminais de cargas ou portos para armazéns externos dentro de caminhões ou
trens abertos, ou estivados em galpões para cargas em trânsito, sendo que
durante toda a logística siderúrgica-porto, estas cargas estarão sujeitas a
passarem por intempéries, em todas as fases da logística, mas as reclamações de
ferrugem ocorrem em sua maioria durante a operação de embarque ou descarga,
quando o navio recebe a carga no porto de origem e o recebedor vai receber no
destino. Ocorre que o comprador lá no exterior
compra um produto isento de vestígios de ferrugem, e quando chega no destino é
surpreendido, e para evitar este contratempo contratual o recurso é fazer o
teste de nitrato de prata por ocasião do embarque e descarga.
O que ocorre é que estes
produtos siderúrgicos transitam ou ficam expostos ao ar marinho que ocorre nos
terminais e portos sem proteção de cobertura, às vezes em pátios totalmente
descobertos.
As maiores reclamações
(claims) ocorrem pela molhadura ou umidade com água do mar, ou seja, uma
exposição da carga, que pode ocorrer da tampa de escotilha estar dando passagem
de borrifos de água, ou mesmo sendo ventilado para o interior do porão ar
marinho.
É bom observar que as
condições de limpeza dos porões é outra questão que deve ser alertada, pois
resíduos de cargas contaminados por água salgada provenientes da lavagem
(baldeação) dos porões, no caso de haver condensação dentro do porão, com
certeza vai acabar contaminando uma carga que embarcou sem cloretos.
Ventilação para o interior
do porão também é um agente negativo, pois vai aspirar o ar marinho e jogar
para o interior do porão, o que poderá vir gerar gotejamento devido suamento da
estrutura interna, logo gerando contaminação por cloretos.
Resultados positivos são
regularmente utilizados para contestar as condições de transporte no navio, o
que, como destacado acima, pode muito bem ser alegado de forma imprecisa e pode
criar complicações desnecessárias durante as operações de descarga.
A presença de cloretos sobre
produtos siderúrgicos pode ser verificado com o teste de nitrato de prata
(AgNo3) - Chloride testing, que nada mais é um sal
cristalino em forma de solução, ou seja, uma mistura de ácido nítrico e água
destilada, sendo importante estar armazenado em frasco de vidro escuro e aplicado
com tipo conta gotas.
Trata-se de um teste simples
onde a pessoa irá pingar algumas gotas sobre a camada suspeita de ferrugem por
água salgada, e em caso de reação ficando em cor leitosa, sendo que a avaliação
pode ser negativa, limitada ou forte, o Vistoriador experiente saberá
classificar.
Trata-se este teste de uma
prova que poderá ser usada pelo Comandante para clausular o Recibo de Bordo
(Mate’s Receipt), entretanto é bom frisar que este teste nos dará uma indicação
da presença de cloretos, oriundos do mar.
Origem do cloreto, conforme
acima, poderá ocorrer em todos os processos da logística, e o nível de cloreto
somente poderá ser verificado em laboratório especializado, por isso, quem for
fazer uma vistoria no embarque (Pre-Loading Survey) ou na descarga (Out-Turn
Survey), não deve ser conclusivo em apontar que trata de cloreto ou grau de
ferrugem, deve simplesmente mencionar que tal partida de produto siderúrgico
apresentou reação positiva ao teste de nitrato de prata.
É importante comentar que
caso seja contratado um Vistoriados (Surveyor) pelo Armador, Recebedor ou
P&I Club, para fins de garantir uma maior segurança quanto ao transporte de
navio, será fazer um teste nas tampas de escotilhas, quanto a questão de vedação
das borrachas e se há presença de furos, o que pode ser feito durante o dia com
a pessoa dentro verificando se há passagem de água ou borrifo, o que para isso
e realizado o teste de água com mangueira (Hose Test).
Indicar uma contaminação na
chegada ao destino, precisa ter uma prova segura, para isto, o hose test é
importante.
O nitrato por ser um líquido
sensível, é importante para indicar a qualidade de carga que será transportada,
e evitar que surgem evidências adversas, pois muitas são as fontes por onde
pode ter havido a contaminação, e uma vistoria no costado do navio antes do
embarque realmente pode desclassificar qualquer reclamação futura.
É bom lembrar que uma
vistoria na chegada, para garantir a segurança que não houve contaminação
durante o transporte de navio, a meu ver deve ser feita porque do porto de
descarga até a recepção numa siderúrgica ou fábrica o transporte se for
realizado via estradas contendo sal para evitar acumulação de gelo também será
um momento de contaminação no período de inverno em determinados portos no
exterior, para isto é necessário uma logística para evitar contaminação.
Se não houver presença de
cloreto na carga a solução aplicada permanece límpida e transparente.
Cloretos na fabricação final
do produto siderúrgico é certo que compromete a qualidade, para isto é
importante a vistoria para verificar presença de cloretos, e dar garantia às
partes envolvidas no contrato de transporte caso seja necessário fazer alguma
observação no conhecimento de embarque fins salvaguardar interesses das partes
contratantes.
O cloreto de prata deve ser
adquirido em casas especializadas onde a solução pode ser comprada
especificamente para o teste.
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