A Organização International Chamber of Shipping – World Shipping Council, publicou um excelente trabalho, um manual de PADRONIZAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE REPAROS DE CONTAINERES, cujo título Unified Container Inspection and Repair Criteria (UCIRC), fundamental para a Segurança de todos que operam com containeres ao redor do mundo.
Este trabalho balizador é
para ser usado em todas as inspeções de containeres, devendo ser aplicado de
forma universal pelas companhias de navegação marítimas, empresas de locação e
pelos operadores de containeres, por ocasião dos intercâmbios entre os diversos
portos do mundo.
Nesse trabalho não serão
apresentadas as tolerâncias aos danos, de forma a garantir a utilização com
segurança após reparos e inspeções, para os detalhes devem consultar o manual
UCIRC:
1º) DANOS ACEITÁVEIS
(Acceptable Damage): São aquelas avarias que não necessitam ou não devem ser
reparados, em virtude de estarem dentro do padrão aceitável e não comprometem a
integridade da carga.
2º) DANOS NÃO-ACEITÁVEIS
(Non-Acceptable Damage): São aquelas avarias que causam perda de integridade
estrutural, que devem ser reparadas ou não aprovadas devido ao grau de risco,
quanto a segurança, onde as Convenções não aprovam, como exemplo redução de
dimensão, fissuras nas soldas, corrosão, entre outras.
3º) DESGASTE (Wear and
Tear): é o desgaste pelo tempo de uso operacional, passando pelas intempéries
do mar, ou seja, deterioração da pintura, endurecimento ou rasgos nas borrachas
de vedação das portas, empenos e corrosão das fixações das portas e sistema de
travamento.
4º) DEFEITOS DE FABRICAÇÃO:
mesmo sendo equipamentos fabricados em série, os containeres ao serem usados
podem apresentar defeitos, o que necessitam serem relatados ao proprietário
para correção, não gerando riscos para as operações.
5º) LIMPEZA E CONTAMINAÇÃO:
tanto o interior quanto ao exterior deve ser inspecionado quanto as pragas que
podem contaminar as cargas, caso exista deve ser removidos ou descartados,
substâncias apropriadas devem ser usadas na limpeza, o que para isso devem ser
consultadas protocolos onde estão as diretrizes a serem aplicadas na limpeza
dos containeres, onde é usual que em containeres reefers alguns importadores
apresentam protocolos de limpeza para serem executados antes dos embarques de
cargas.
Neste manual citado, são
apresentados os principais componentes estruturais e seus componentes,
especificando em tabela os componentes, as avarias e as recomendações e métodos
para os reparos caso sejam necessários.
É de imensa responsabilidade
não cumprir critérios adotados pelas entidades especializadas, pois no caso de
um acidente, se for apurado que o contêiner estava fora dos padrões aceitáveis
poderá haver processos judiciais para apuração de responsabilidades.
Unified Container Inspection
and Repair Criteria, Third Issue, July 2023, trata de um manual específico para
que sejam cumpridas pelos proprietários e arrendatários dos containeres, um
trabalho criterioso que especifica todas as partes de um container, e os
critérios de uma perfeita inspeção apurar o grau de avaria.
Este manual que tem como
base para esta apresentação, foi desenvolvida e trata-se de um trabalho
conjunto envolvendo três empresas especializadas no seguimento internacional:
Bureau International dês
Containers (BIC) - www.bic-code.org
International Chamber of
Shipping (ICS) - www.ics-shipping.org
World Shipping Council (WSC)
- www.worldshipping.org
Considerando minha
experiência em vistorias e análise de processos (claims), complemento e acrescento
às observações acima de avarias que considero críticas, e colocam em risco a
segurança de todos, são elas:
1º) CONECTORES DE CANTO
(CORNER FITINGS) ABERTOS: durante operações a bordo é comum ocorrer que o
container fique preso na célula (cell guide), e o operador do guindaste de
pórtico force com o spreader a retirada, logo poderá ocorrer a abertura do
conector de canto (corner fitings), neste caso, a meu ver, o container não está
aceito para ser manipulado, deverá ser conduzido para uma área através de
estropos de aço (slings) e registrado a sua situação. Caso fique a bordo o
terminal, e/ou armador deverá comunicar ao terminal de descarga informando que
o container não poderá operar com spreader. Um desprendimento de um dos cantos
do spreader pode causar o colapso do container, causando severos riscos. Também
poderá ocorrer a abertura do conector se o container estiver acima de sua
capacidade de carga (peso), no momento de içamento.
2º) LONGARINAS (VIGAS)
SUPERIORES OU INFERIORES (TOP OR BOTTOM SIDE RAILS) AMASSADAS para dentro
formando grande dente no centro do container, poderá ocorrer a flexão para
dentro e o container partir ao meio, isso pode ocorrer quando a estivagem esteja
distribuída proporcionalmente, ou seja, pesos maiores concentrados no centro,
ou nas extremidades do container. Nesse caso sempre verificar o critério de
risco informado para amassamento destas peças / partes do container. Nesses
casos a melhor condição é transferir a carga para outra unidade, e não
enfrentar o risco, pois na operação de movimentação pelo guindaste sempre
haverá balanços e de trancos pela freagem, logo a estrutura sofrerá pressões, e
já estando comprometida com certeza haverá o risco de quebradura.
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