terça-feira, 19 de março de 2024

CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DAS AVARIAS SOFRIDAS PELOS CONTAINERES

 A Organização International Chamber of Shipping – World Shipping Council, publicou um excelente trabalho, um manual de PADRONIZAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE REPAROS DE CONTAINERES, cujo título Unified Container Inspection and Repair Criteria (UCIRC), fundamental para a Segurança de todos que operam com containeres ao redor do mundo.

Este trabalho balizador é para ser usado em todas as inspeções de containeres, devendo ser aplicado de forma universal pelas companhias de navegação marítimas, empresas de locação e pelos operadores de containeres, por ocasião dos intercâmbios entre os diversos portos do mundo.

Nesse trabalho não serão apresentadas as tolerâncias aos danos, de forma a garantir a utilização com segurança após reparos e inspeções, para os detalhes devem consultar o manual UCIRC:

1º) DANOS ACEITÁVEIS (Acceptable Damage): São aquelas avarias que não necessitam ou não devem ser reparados, em virtude de estarem dentro do padrão aceitável e não comprometem a integridade da carga.

2º) DANOS NÃO-ACEITÁVEIS (Non-Acceptable Damage): São aquelas avarias que causam perda de integridade estrutural, que devem ser reparadas ou não aprovadas devido ao grau de risco, quanto a segurança, onde as Convenções não aprovam, como exemplo redução de dimensão, fissuras nas soldas, corrosão, entre outras.

3º) DESGASTE (Wear and Tear): é o desgaste pelo tempo de uso operacional, passando pelas intempéries do mar, ou seja, deterioração da pintura, endurecimento ou rasgos nas borrachas de vedação das portas, empenos e corrosão das fixações das portas e sistema de travamento.

4º) DEFEITOS DE FABRICAÇÃO: mesmo sendo equipamentos fabricados em série, os containeres ao serem usados podem apresentar defeitos, o que necessitam serem relatados ao proprietário para correção, não gerando riscos para as operações.

5º) LIMPEZA E CONTAMINAÇÃO: tanto o interior quanto ao exterior deve ser inspecionado quanto as pragas que podem contaminar as cargas, caso exista deve ser removidos ou descartados, substâncias apropriadas devem ser usadas na limpeza, o que para isso devem ser consultadas protocolos onde estão as diretrizes a serem aplicadas na limpeza dos containeres, onde é usual que em containeres reefers alguns importadores apresentam protocolos de limpeza para serem executados antes dos embarques de cargas. 

Neste manual citado, são apresentados os principais componentes estruturais e seus componentes, especificando em tabela os componentes, as avarias e as recomendações e métodos para os reparos caso sejam necessários.

É de imensa responsabilidade não cumprir critérios adotados pelas entidades especializadas, pois no caso de um acidente, se for apurado que o contêiner estava fora dos padrões aceitáveis poderá haver processos judiciais para apuração de responsabilidades.

Unified Container Inspection and Repair Criteria, Third Issue, July 2023, trata de um manual específico para que sejam cumpridas pelos proprietários e arrendatários dos containeres, um trabalho criterioso que especifica todas as partes de um container, e os critérios de uma perfeita inspeção apurar o grau de avaria.

Este manual que tem como base para esta apresentação, foi desenvolvida e trata-se de um trabalho conjunto envolvendo três empresas especializadas no seguimento internacional:

Bureau International dês Containers (BIC) - www.bic-code.org

International Chamber of Shipping (ICS) - www.ics-shipping.org

World Shipping Council (WSC) - www.worldshipping.org

Considerando minha experiência em vistorias e análise de processos (claims), complemento e acrescento às observações acima de avarias que considero críticas, e colocam em risco a segurança de todos, são elas:

1º) CONECTORES DE CANTO (CORNER FITINGS) ABERTOS: durante operações a bordo é comum ocorrer que o container fique preso na célula (cell guide), e o operador do guindaste de pórtico force com o spreader a retirada, logo poderá ocorrer a abertura do conector de canto (corner fitings), neste caso, a meu ver, o container não está aceito para ser manipulado, deverá ser conduzido para uma área através de estropos de aço (slings) e registrado a sua situação. Caso fique a bordo o terminal, e/ou armador deverá comunicar ao terminal de descarga informando que o container não poderá operar com spreader. Um desprendimento de um dos cantos do spreader pode causar o colapso do container, causando severos riscos. Também poderá ocorrer a abertura do conector se o container estiver acima de sua capacidade de carga (peso), no momento de içamento.

2º) LONGARINAS (VIGAS) SUPERIORES OU INFERIORES (TOP OR BOTTOM SIDE RAILS) AMASSADAS para dentro formando grande dente no centro do container, poderá ocorrer a flexão para dentro e o container partir ao meio, isso pode ocorrer quando a estivagem esteja distribuída proporcionalmente, ou seja, pesos maiores concentrados no centro, ou nas extremidades do container. Nesse caso sempre verificar o critério de risco informado para amassamento destas peças / partes do container. Nesses casos a melhor condição é transferir a carga para outra unidade, e não enfrentar o risco, pois na operação de movimentação pelo guindaste sempre haverá balanços e de trancos pela freagem, logo a estrutura sofrerá pressões, e já estando comprometida com certeza haverá o risco de quebradura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário