O objetivo deste artigo é apresentar algumas considerações sobre a ação evolutiva do navio em seguimento, e os riscos de ocorrer uma colisão, caso perca o controle de seu motor principal.
Podemos enumerar os seguintes fatores que influenciam no
governo de um navio: efeito do leme, efeitos do propulsor, corrente de esteira,
condições de mar e vento, calado e compasso, profundidade local e largura de
canal.
Parar um navio em seguimento, com ou sem atuação do motor
principal, trata de combinações de técnicas, pois trata de um procedimento
complexo e requerem conhecimentos do navio, as forças atuantes sobre o casco,
as suas condições de manobrabilidades e experiência profissional,
principalmente conhecer as ações de águas confinadas (portos) e em alto mar.
O navio quando navega
se por algum problema o seu propulsor parar de atuar, vai dar origem ao
seguimento devido à inércia, navio não tem freios como outros veículos,
portanto conhecer detalhadamente o que proceder na hora de uma parada de
máquina por algum defeito técnico, precisa conhecer as combinações de técnicas
que podem amenizar uma colisão.
Um navio com seguimento para vante, o seu casco está
submetido a forças opostas entre elas a do meio líquido onde se navega, em alto
mar não teremos resistências devido profundidade e largura do canal como ocorre
em águas limitadas, em alto mar as resistências diminuem, por isso, manobrar
dentro de um canal requer maiores conhecimentos técnicos.
Vencer o seguimento tem algumas variáveis geram situações que
vamos descrever que são aplicáveis, mas nem sempre atuam com o intuito de
evitar uma colisão, tudo dependerá do tempo, velocidade, deslocamento do navio,
revestimento e pintura da formação do casco, e trim no momento.
Redução de velocidade dependendo do tempo e da distância
fornece alternativa para utilizar uma reversão de máquinas, uso do leme e
buscar desacelerar o navio, e por final fazer uso dos ferros (âncoras) é uma
das alternativas.
Um a reversão de máquinas numa parada de emergência para
evitar colisão, leva alguns minutos para ser executada, há a necessidade de
algumas manobras para inverter a rotação do motor, bem como a distância
percorrida no caso desta parada existem cálculos de distância a ser percorrida,
mas dependerá de vários fatores, não é uma regra para ser aplicada em qualquer
tipo de navio.
Quanto à atuação do leme, dependerá do hélice, onde temos diversas forças que atuam no governo do navio,
que são: ação do leme, corrente de sucção e corrente de descarga do hélice, e a
pressão lateral das pás. São forças que opõem entre si, e só vai preponderar se
tiver seguimento, e não havendo o MCP funcionando a tendência é levar a guinada
para boreste, logo na prática existe a preponderância dos efeitos do hélice
sobre o leme, no caso ficando sem motor, dificilmente haverá o controle, e
evitar a colisão.
Ao
dar o leme todo para bombordo ou boreste, e pelo motivo do hélice não estar
girando, não existirá a corrente de descarga do hélice atuando sobre o leme,
daí não fazendo pressão para a proa girar para um dos bordos, deixa de ser um
recurso para evitar uma colisão.
Toda
embarcação ao navegar sofre resistência externa ao movimento, é a pressão
d’água sobre a carena, e esta pressão é normalmente no sentido proa a popa, na
marcha a vante, se houver uma correnteza contra o seguimento, tende a diminuir
o seguimento, como ajuda a girar com mais facilidade para um dos bordos. Tem
que haver ação combinada leme e hélice, para obter governo.
No caso de uma reversão para ré os lemes se tornaram
ineficazes e dificultará a manobra, por isso deve manter o leme a meio.
Quanto a largar os ferros podem ocorrer da âncora ao tocar no
fundo, não unhar, e nesse caso vai fazer o arrastamento, por isso é necessário
soltá-la para que o seu peso mais o das amarras façam com que unhe no fundo,
daí ir usando o freio do molinete para controlar a saída da amarra e
desacelerar o seguimento.
Visto todas estas situações complexas, uma alternativa para o
caso de manobras nos portos, é usar um rebocador escoteiro, que é muito usado
nos portos onde tem que cruzar por baixo de pontes, como no caso do Rio de Janeiro
(Ponte Rio-Niterói) e Vitória (Terceira Ponte), o que, no caso de uma falha de
máquinas, existirá a possibilidade de o rebocador conter a inércia.
Os portos têm seus regulamentos e procedimentos, entretanto
encontramos portos que não exigem este tipo de auxílio, o que poderá gerar
grandes acidentes no caso de uma colisão entre navio e ponte ou píer, inclusive
as duas pontes citadas possuem defensas em torno dos pilares dos vãos centrais,
para evitar e amenizar avarias em caso de colisões de navios.
É obrigatório na grande maioria dos portos a orientação de um
profissional capacitado e conhecedor da região de manobra dos portos, chamado
de Prático, que com a sua orientação auxilia o Comando a manobrar em águas
confinadas, dentro dos limites dos portos, cruzando canais até chegar ao porto
de acostagem.
Estar no passadiço de um navio responsável pela navegação ou
numa manobra de porto são imensos desafios para aperfeiçoar a operação de forma
segura, onde requer reflexos, conhecimento e práticas de manobra.
O ideal para quem orienta um navio frente a uma situação de
risco é possuir conhecimentos de hidrodinâmica, cinética aplicada nos navios
(ação das forças nas mudanças de movimentos) e bem como regulamentações para
evitar acidentes, mas a meu ver a prática do dia-a-dia é que vai capacitá-lo
para evitar colisões.
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